SAÚDE QUE SE VÊ
Canal S+

“Em 43 milhões de dadores, não haver um compatível não é fácil de dizer”

ALS/SO
05-12-2025 08:21h

Lida diariamente com boas e más notícias. A diretora do Serviço de Terapia Celular do IPO do Porto, Susana Roncon, quer mudar o paradigma e aumentar as possibilidades de oferecer vida a quem dela precisa. Defende que é preciso levar à dádiva de vida às escolas e incluir o tema na disciplina de Cidadania.

Em 2023, o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto aproveitou a proximidade às faculdades e avançou com um estudo junto de jovens estudantes, com o objetivo de apurar o que sabiam sobre dádiva de medula óssea. Cerca de 300 universitários responderam às cinco questões do inquérito e os resultados revelaram que mais de 80% nunca tinham ouvido falar.

Em 2024, o levantamento incidiu sobre crianças diagnosticadas com doença oncológica grave e concluiu que 35% das que são propostas para transplante de medula não tinham dador familiar, nem no registo mundial que conta com 43 milhões de dadores de medula óssea.

A diretora do Serviço de Terapia Celular do IPO do Porto, Susana Roncon, refere que “como médicos, dizermos a um pai ou uma mãe que não existe, em 43 milhões, um dador compatível… não é fácil de dizer, nem de ouvir”

No programa Efeito Placebo desta semana, Susana Roncon, explicou que os jovens “não pensam no assunto porque ninguém lhes diz” e sustenta que “não é falta de interesse, é mesmo falta de conhecimento”.

Para a diretora do Serviço de Terapia Celular do IPO do Porto, “a dádiva de vida, com o objetivo de saúde” deveria ser incluída na disciplina de cidadania.

Susana Roncon revelou ainda que nos Estados Unidos, as crianças são sensibilizadas desde cedo, pois “existem programas em que é prestado, em determinadas disciplinas, estes módulos curriculares de dádiva em saúde, com impacto positivo nestes jovens, quando passam para a vida adulta”.

O Serviço de Terapia Celular do IPO do Porto estabeleceu, em 2024, uma parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, através da qual centenas de jovens de várias escolas secundárias participaram em sessões informativas. O programa de aprendizagem sobre a dádiva incluiu ainda visitas ao Serviço e contato com dadores.

O transplante de medula óssea é vital para doentes diagnosticados com leucemias, anemia aplástica entre outras patologias graves.

Susana Roncon, diretora do Serviço de Terapia Celular do IPO do Porto, foi a convidada desta semana do programa Efeito Placebo, um espaço de opinião do Canal S+ que pode ver todas as terças-feiras, às 21h.

MAIS NOTÍCIAS