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Região africana da OMS representou 94% dos casos globais de malária em 2024 - Relatório

LUSA
04-12-2025 09:00h

A região africana da Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou 265 milhões de casos de malária em 2024, o que representa 94% do número global, anunciou hoje a agência da ONU num relatório.

A OMS está dividida em seis regiões de trabalho, nomeadamente a africana.

De acordo com o "relatório mundial sobre a malária 2025" da OMS, a maior parte dos casos situa-se na África Subsaariana, onde os países têm uma transmissão "moderada a alta". No entanto, estas são nações que, geralmente, têm sistemas de vigilância "menos robustos", acrescentou.

No mundo, em 2024, houve cerca de 282 milhões de casos de malária, sendo que só na região africana da OMS houve 265 milhões de casos, o que representa 94% do número global, citou a agência no documento.

Cinco países - Nigéria (24,3%), República Democrática do Congo (RDCongo) (12,5%), Uganda (4,7%), Etiópia (4,4%) e Moçambique (3,6%) - foram responsáveis por quase metade de todos os casos mundiais em 2024, enumerou.

Em África, os países com os maiores aumentos de casos entre 2023 e 2024 foram a Etiópia (+2,9 milhões), Madagáscar (+1,9 milhões), a RDCongo (+762.000), Angola (+420.000) e o Ruanda (+351.000). Pelo contrário, de 2023 para 2024, o Zimbabué reduziu os casos em 76,6% (–487.000).

Relativamente ao número de mortos, a OMS estimou em 610.000 o número global, tendo a região africana da OMS representado 95% das mortes globais (579.000). 

Três países - Nigéria (31,9%), RDCongo (11,7%) e Níger (6,1%) - foram responsáveis por metade de todas as mortes na região africana. 

A OMS salientou ainda que a Argélia, Cabo Verde e o Egito foram certificados como livres de malária e que o Ruanda, a África do Sul e o Zimbabué estão "no caminho certo para atingir o marco, em 2025, de pelo menos uma redução de 75% na incidência de casos de malária".

Por outro lado, as Comores, a Eritreia, Madagáscar e São Tomé e Príncipe tiveram aumentos na incidência de casos de 70% ou mais desde 2015, lamentou.

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no relatório, embora alguns países, como os do Sudeste Asiático, se mantenham no caminho certo para cumprir as metas globais, outros, particularmente em África, continuam a registar alta transmissão e mortalidade.

"Em 2024, os ministros da Saúde dos países africanos com elevada carga da doença assinaram a Declaração de Yaoundé [nos Camarões], reconhecendo o seu papel de liderança no aumento da resposta à malária em África", recordou.

Por outro lado, citou, os desafios mais urgentes são a crescente ameaça da resistência aos medicamentos antimaláricos, nomeadamente em África, onde se suspeita que haja, em vários países, resistência parcial à artemisinina (medicamento antimalárico) e o financiamento inadequado. 

"Em 2024, estimamos que mais de 170 milhões de casos e um milhão de mortes foram evitados, graças, em parte, à utilização mais ampla de novas ferramentas, incluindo redes com duplo ingrediente e vacinas recomendadas pela OMS. Em outubro de 2025, 24 países introduziram vacinas contra a malária nos seus programas de imunização de rotina", concluiu o diretor-geral.

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