A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra antecipou em duas semanas a entrada em vigor do plano de contingência de inverno, reforçado com a contratação de 60 enfermeiros e 40 técnicos auxiliares.
Segundo o presidente do conselho de administração, vai ser ativado o nível 1 na componente hospitalar na sexta-feira e nos cuidados de saúde primários na quinta-feira, que implica a abertura dos centros de saúde até às 20:00 e a obrigatoriedade de os médicos verem 100% dos doentes no próprio dia.
“Na componente hospitalar será ativada uma sala específica para doenças respiratórias, de pressão negativa, em que os doentes ficam segregados para não infetarem outros, e colocado um contentor junto à urgência para realizar análises e detetar infeções respiratórias”, adiantou Alexandre Lourenço.
O responsável salientou que a contratação de 60 enfermeiros e 40 técnicos auxiliares de saúde para reforçar os serviços de urgência para a doença aguda “é uma ajuda imprescindível para responder da melhor forma a esta época gripal”.
O plano de contingência de inverno da ULS de Coimbra, apresentado hoje em conferência de imprensa, prevê o reforço dos recursos humanos nos dias 26 e 27 de dezembro, a seguir ao Natal, e 02 e 03 de janeiro, alturas em que costuma existir uma elevada procura dos serviços de urgência de adultos.
O documento, estruturado em 15 medidas transversais, conta com o apoio da LinhaCuidar@Coimbra, que desde terça-feira abrange quase 700 utentes de estruturas residenciais para idosos (ERPI)de cinco concelhos do norte do distrito de Leiria (Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra e Pedrógão Grande).
O programa consiste numa “via verde” entre as instituições gestores das ERPI e a unidade hospitalar de referência (Coimbra), para evitar deslocações desnecessárias dos utentes em caso de doença aguda.
O objetivo passa por “otimizar a afluência, para a que for estritamente necessária, criando soluções e mecanismos ágeis de articulação entre os profissionais de saúde das ERPI e os do serviço de urgência”.
Segundo o presidente da ULS de Coimbra, a iniciativa será alargada aos concelhos de Coimbra, Condeixa-a-Nova e Cantanhede até final do ano.
O programa “Ligue antes, salve vidas”, iniciado em 2024, aparece no plano de contingência como uma peça chave, dado que, segundo Alexandre Lourenço, “apoiou muito a ULS e teve um impacto muito grande no modo como decorreu a resposta do ano passado”.
“Estamos a falar na redução de cerca de 17% dos episódios de urgência devido a este programa, coadjuvado pela nossa resposta em centros de atendimento clínico (CAC) e na medicina geral e familiar”, realçou.
A rede de CAC, que dispõe atualmente de seis unidades hospitalares dispersas pela área da ULS de Coimbra, mais dois do que no último inverno, permitiu também evitar deslocações desnecessárias aos serviços de urgência, tendo contabilizado até ao momento 12 mil atendimentos.
Até ao final do ano, a ULS de Coimbra pretende ainda criar uma rede de raio-X em proximidade e suporte de inteligência artificial, serviços de transporte não urgente de doentes e implementar de forma progressiva de percursos clínicos integrados.
O plano de contingência prevê ainda uma unidade central de gestão de camas e criação de área de altas, um programa de hospitalização domiciliária, o alargamento do programa de cuidados continuados integrados no domicílio e a contratação de 113 camas de retaguarda.
Caso os níveis de procura o exijam, está ainda prevista a abertura adicional de 58 camas para doentes respiratórios – 26 nos Hospitais da Universidade de Coimbra, 25 no Hospital Geral (Covões), também em Coimbra, e sete no Hospital Arcebispo João Crisóstomo (Cantanhede).