A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) defendeu hoje que é urgente “aumentar a atratividade” do SNS para reter futuros médicos e contrariar os resultados do concurso para o internato médico, “o pior dos últimos anos”.
Este fim de semana foi conhecido o resultado do concurso que revelou que ficaram por preencher cerca de 20% das 2.331 vagas abertas para os novos médicos escolherem a especialidade.
“A maioria dos estudantes de Medicina gostaria de permanecer no SNS, mas a realidade atual leva muitos a considerar alternativas como a emigração. Esta saída compromete o futuro do sistema, porque sem internos hoje, não teremos especialistas amanhã", afirma o presidente da ANEM.
Paulo Simões Peres considera que tornar o SNS mais atrativo é "um desafio estrutural urgente".
Para a associação, o resultado do concurso - “o pior dos últimos anos” - evidencia que a retenção de futuros médicos é hoje um dos maiores desafios do sistema, “com consequências diretas na formação dos estudantes de Medicina e internos e também na sustentabilidade do SNS, a médio e longo prazo”.
Os estudantes defendem ainda que sem internos, que serão os futuros especialistas, fica comprometida a capacidade formativa do SNS, já que os médicos especialistas desempenham um papel central, tanto na prestação de cuidados como na orientação de estudantes e internos.
“Serviços que, ano após ano, deixam de receber internos, acabam por prejudicar, não só a aprendizagem prática dos futuros médicos, mas também a preparação dos especialistas de que o SNS precisa para garantir cuidados de qualidade à população”, acrescenta a ANEM numa nota enviada para a Lusa.
Os estudantes lembram que existem especialidades essenciais para o funcionamento do SNS, como é o caso da Medicina Geral e Familiar e da Medicina Interna, que continuam com vagas em aberto, assim como outras áreas fundamentais, como Patologia Clínica e Saúde Pública.
Os resultados do concurso mostram ainda que a Região de Lisboa e Vale do Tejo concentra uma parte significativa destas vagas, “revelando assimetrias regionais que se refletem no acesso aos cuidados de saúde e na experiência formativa dos internos”, alerta a ANEM.
A ANEM sublinha ainda que a crise de atratividade não se limita ao acesso ao internato: “Se não houver médicos suficientes a permanecer no SNS, o sistema enfrenta dificuldades para manter serviços e formar novos especialistas, comprometendo a capacidade de resposta às necessidades da população nos próximos anos”.
Os médicos que ocuparam as vagas disponibilizadas para as várias especialidades nas unidades do SNS começam a sua formação em janeiro.
Depois de muitos anos a ser organizado pelas administrações regionais de saúde, entretanto extintas, a ACSS voltou a receber o processo de escolhas de vagas para a formação especializada.