A Comissão de Utentes de Torres Novas entregou hoje à Câmara um abaixo-assinado com 3.651 assinaturas a exigir um plano de ação para reparar estradas e ruas e alertou para a possível desativação da urgência pediátrica no hospital local.
O porta-voz da Comissão dos Serviços Públicos afirmou à Lusa que os problemas na rede viária “são quase endémicos”, agravados pelo mau tempo e pelo intenso tráfego pesado no concelho de Torres Novas, no distrito de Santarém, causando problemas a vários níveis, inclusive de segurança.
“Nós temos um inverno à porta e aquilo que está mal pode passar a ficar péssimo e pôr em causa a boa mobilidade dos torrejanos e inclusive questões de segurança”, alertou Manuel Soares.
O objetivo do abaixo-assinado, disse, é garantir “intervenção imediata nos casos mais graves” e que o plano de atividades para 2026 inclua “um calendário claro de obras”, permitindo às populações saber quando serão feitas.
O documento reivindicativo, que começou a ser recolhido em maio e foi agora entregue, defende a reparação ou reposição do piso, a marcação e sinalização rodoviária, corte de vegetação, melhoria de bermas e passeios e criação de estruturas que facilitem a mobilidade e o estacionamento.
A comissão diz ter contribuído para acelerar obras anteriores, como intervenções em várias rotundas e vias e melhorias nos cuidados de saúde, mas alertou para a “morosidade” entre o anúncio das obras e a sua execução, por vezes fora dos prazos contratados.
Manuel Soares garantiu que a ação da Comissão de Utentes será permanente, reiterando que nem todas as anomalias identificadas na rede viária competem ao município, e que contactará outras entidades com tutela nas matérias em causa.
Outra preocupação apresentada foi a possível saída da urgência pediátrica do Hospital de Torres Novas, tema também levado à reunião do executivo camarário.
Na reunião de hoje, Manuel Soares recordou que foram recolhidas mais de 29 mil assinaturas no Médio Tejo – quase 9 mil em Torres Novas – contra um eventual encerramento, sublinhando tratar-se de “um serviço essencial”, que registou mais de 29 mil atendimentos em 2024.
Segundo o porta-voz, a Comissão defende a criação, por iniciativa da autarquia, de “uma plataforma com unidades de saúde, entidades sociais, autarcas e empresas” para a defesa dos cuidados de saúde no concelho, destacando que a urgência pediátrica atende “em média mais de 80 crianças por dia”.
No final da reunião, o presidente da Câmara de Torres Novas, José Trincão Marques, agradeceu a intervenção e afirmou que a autarquia está a concluir o inventário das necessidades na rede viária para integrar o tema no orçamento de 2026.
“Comungamos dessa preocupação e estamos a trabalhar num plano estratégico para clarificar as intervenções prioritárias”, disse.
Sobre a urgência pediátrica, o autarca afirmou que tem mantido contactos na Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e que existe “convergência” entre os presidentes de Câmara para garantir a continuidade do serviço.
“Não há decisão definitiva de encerramento, mas devemos estar atentos. Defendemos um equilíbrio justo entre as três unidades hospitalares da ULS e estamos lado a lado na defesa da urgência pediátrica de Torres Novas”, afirmou.