A Câmara de Vila Nova de Gaia aprovou hoje por unanimidade uma moção contra a desclassificação do serviço de pediatria da Unidade Local de Saúde (ULS) de Gaia/Espinho.
"A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia delibera opor-se, sem reservas, à desclassificação do serviço de pediatria/neonatologia e de cirurgia pediátrica da ULS Gaia/Espinho, prevista em consulta pública, e manifestar esta posição ao Governo e à Assembleia da República", lê-se na moção da autoria do PS, a que a Lusa teve acesso.
O documento sustenta que a concretizar-se esta intenção do Ministério da Saúde, Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, perderá valências diferenciadas, o que causará um impacto negativo a milhares de utentes e famílias que serão forçadas a deslocar-se ao Porto para consultas e tratamentos que, atualmente, são feitos nesta ULS.
A isto acresce o facto das ULS São João e Santo António, no Porto, registarem uma elevada procura e saturação com listas de espera em pediatria, sublinha.
"Significa que utentes e famílias gaienses serão ainda mais prejudicados por tempos de espera superiores e insuportáveis", refere a moção.
Além de mais custos diretos e mais tempo de viagem, utentes e famílias perderão qualidade na prestação do serviço, destaca.
Ainda segunda o documento, a concentração de recursos, neste caso concreto, agrava a prestação atempada de serviços de diagnóstico e terapêutica, fundamentais para a intervenção com sucesso.
A moção ressalva que esta medida, a avançar, atinge e diminui o prestígio e o bom nome dos profissionais de saúde da ULS Gaia/Espinho e, ao mesmo tempo, faz desacreditar no avanço da "tão necessária" segunda fase de requalificação do hospital.
O conselho de administração da ULS de Gaia/Espinho está a avaliar potenciais impactos nas áreas da pediatria e de neonatologia no âmbito das alterações que estão a ser equacionadas para a rede de referenciação.
Num comunicado interno ao qual a Lusa teve hoje acesso, o presidente da administração da ULS dirige-se aos funcionários desta unidade de saúde para os tranquilizar referindo: "o CA [conselho de administração] tem acompanhado atentamente este tema e os seus potenciais impactos para a ULS Gaia e Espinho".
Em causa estão as conclusões preliminares da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, no âmbito do processo de consulta pública sobre a redefinição da rede de referenciação.
No sábado, o grupo de vereadores socialistas encabeçado por João Paulo Correia emitiu um comunicado no qual referia que, "a concretizar-se a intenção do Ministério da Saúde, Vila Nova de Gaia perderá valências diferenciadas".
Já no domingo, o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, desafiou a ministra da Saúde a esclarecer os autarcas, profissionais de saúde e cidadãos sobre quais os planos para a ULS, opondo-se "duramente" à sua desvalorização.