SAÚDE QUE SE VÊ

PCP pede soluções para “drama que começa a ser banal” de nascimentos fora das maternidades

Lusa
13-11-2025 11:42h

O secretário-geral do PCP disse hoje que a verdadeira prioridade do Governo na saúde é “desmantelar serviços e transferi-los para o setor privado” e pediu soluções para o “drama que começa a ser banal” de nascimentos fora das maternidades.

Em declarações aos jornalistas à entrada do Hospital Amadora-Sintra, Paulo Raimundo acusou o Governo de “propaganda e ilusão” na proposta orçamental para 2026 para a saúde através de um “suposto aumento” da despesa, em que cerca de metade é para ser entregue ao setor privado, que “faz da doença o negócio”.

O secretário-geral do PCP disse também haver uma “tentativa de cortes” nos profissionais e nos gastos intermédios, contrapondo que é necessário um maior investimento na contratação de pessoal médico, com respeito e valorização das carreiras e “perspetivas de progressão profissional”.

“Havendo valorização da própria carreira, havendo perspetivas de progressão profissional, não temos nenhuma dúvida de que os profissionais, podendo optar, optam pelo Serviço Nacional de Saúde, porque há um compromisso, um compromisso de fundo com o Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.

Para o líder dos comunistas, são precisas soluções na saúde que deem respostas aos utentes e, em particular, ao “drama que começa a ser um bocado banal” a envolver grávidas e nascimentos fora dos hospitais.

“Não pode continuar assim, é inconcebível um país que se apresenta, como o primeiro-ministro gosta de dizer, ‘sempre a subir, está sempre tudo a subir’, mas em que as condições de vida das pessoas, em particular dos utentes do Serviço Nacional de Saúde, diminuem a resposta, não pode ser”, lamentou.

Paulo Raimundo reiterou a tese de que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, é a “pivô” de um “plano de desmantelamento do SNS” e que, “por cada mês que passa, esse desmantelamento vai sendo concretizado”, acrescentando que esta política só pode ter como consequência “deixar milhares de pessoas fora do acesso à saúde”.

Questionado sobre a prioridade assumida pelo primeiro-ministro de reduzir a fatura paga a fornecedores do SNS, Raimundo insistiu que a verdadeira prioridade do executivo de Luís Montenegro é “desmantelar serviços e transferi-los para o setor privado”.

“Aí estava uma grande opção de corte. De corte no sentido de recolocar nas mãos do Serviço Nacional de Saúde a capacidade de resposta para um conjunto de questões que são hoje adjudicadas para o setor privado”, argumentou.

Sobre como se pode atrair médicos para o SNS, o líder do PCP sublinhou que “não há uma forma mágica”, mas que se as carreiras forem valorizadas em matéria de direitos e salários, os profissionais “vão ser atraídos para o SNS com um compromisso de honra” de “servir a população”.

Raimundo salientou que se tem “assistido exatamente ao contrário”, criticando Ana Paula Martins pelo que disse ser uma “cruzada contra os tarefeiros”.

“Nós não podemos manter o SNS, e muito menos as urgências hospitalares, dependentes de médicos tarefeiros. É uma evidência. Agora, como é que se resolve isso? Acabando com os tarefeiros, neste momento? O que é que vai acontecer às urgências? O que é que vai acontecer ao seu funcionamento? Isso não é possível”, considerou.

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