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Médio Oriente: Agências da ONU lançam campanha de vacinação e nutrição para crianças de Gaza

Lusa
05-11-2025 16:24h

Agências especializadas da ONU, em colaboração com o Ministério da Saúde de Gaza, vão lançar a 09 de novembro uma campanha de vacinação para crianças na Faixa de Gaza, anunciaram hoje em comunicado.

Vão também avaliar os níveis de subnutrição das crianças, após dois anos de guerra e vários meses de bloqueio à ajuda humanitária.

A campanha, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), pretende chegar a 44.000 crianças.

Em três rondas de vacinação, estas receberão doses para prevenção de doenças como sarampo, rubéola, papeira, difteria, tuberculose e poliomielite, indicaram as agências da ONU.

Uma em cada cinco crianças com menos de três anos em Gaza não recebeu qualquer vacina ou não pôde receber as doses programadas devido ao conflito, que fez com que as taxas de vacinação infantil neste território palestiniano caíssem a pique, de 98% para menos de 70%.

“Após dois anos de violência implacável que ceifou a vida de mais de 20.000 crianças na Faixa de Gaza, temos finalmente a oportunidade de proteger aqueles que sobreviveram”, declarou o representante da UNICEF na Palestina, Jonathan Veitch, no comunicado.

Durante a campanha, que envolverá 600 médicos e outros profissionais de saúde, as crianças serão examinadas para detetar sinais de subnutrição, e os casos graves e moderados serão tratados.

As vacinas serão administradas em 149 unidades de saúde e 10 unidades móveis em Gaza, mas a UNICEF e a OMS estão também a trabalhar para reabilitar 35 centros de saúde que foram total ou parcialmente destruídos durante a guerra, para poder aumentar o número de locais de vacinação.

As agências especializadas da ONU sublinharam que, para garantir o êxito desta campanha, é vital que haja um total cumprimento do cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro, mas marcado por vários incidentes violentos, incluindo bombardeamentos israelitas.

Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o movimento islamita palestiniano Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251.

A guerra de retaliação israelita no enclave palestiniano fez, até agora, pelo menos 68.875 mortos, na maioria civis, e 170.679 feridos, segundo números hoje atualizados (com as vítimas das quebras do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Fez igualmente milhares de desaparecidos, soterrados nos escombros e espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções e fome, causada por mais de dois meses de bloqueio total de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de mantimentos, distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abria fogo sobre civis famintos.

Há muito que a ONU declarara o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e suas imediações.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça, e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.

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