A família da grávida guineense de 36 anos que morreu, na madrugada de sexta-feira, no Hospital Amadora-Sintra, desmentiu hoje a Ministra da Saúde, garantindo que a puérpera vivia em Portugal há um ano e era acompanhada no Centro de Saúde de Agualva-Cacém, desde as 26 semanas de gestação.
Paloma Mendes recorreu às redes sociais, durante o fim de semana, para denunciar as mentiras da Ministra da Saúde quando prestou esclarecimentos sobre o caso na Assembleia da República. Segundo a amiga da vítima, Ana Paula Martins mentiu ao dizer que se “tratava de uma gravidez não acompanhada e que muitas destas mulheres não falam português e nem sequer têm um telemóvel”.
Como amiga próxima da vítima, Paloma Mendes garante que esta vivia “há um ano em Portugal, mas que passou um período de férias com o marido na Guiné-Bissau, tendo regressado a Portugal no segundo trimestre da gravidez. Desde então, “como tinha residência no nosso país, a mulher de 38 anos foi acompanhada no Centro de Saúde de Agualva-Cacém, desde as 26 semanas de gestação”, assegura.
Paloma lembra ainda que assim que lhe detetaram hipertensão, a amiga compareceu a duas consultas no centro de saúde – uma a 14 de julho e outra a 14 de agosto de 2025. Como lhe atribuíram um "elevado risco sistémico", acabou por ser referenciada para o Hospital Amadora-Sintra.
Em várias publicações nas redes sociais, a amiga da mulher guineense falecida na sexta-feira, aponta o dedo à Ministra da Saúde dizendo que Ana Paula Martins “não tem respeito nenhum pelas grávidas e pelo que elas estão a passar”. Paloma Mendes questiona mesmo “Quantos inquéritos mais vão ter de ser feitos para responsabilizarem a ministra pelas falhas gravíssimas do SNS?”.
Revoltada com o desfecho fatal que vitimou primeiro a sua amiga e depois o bebé, que faleceu ontem nos Cuidados Intensivos do Hospital Amadora-Sintra, após um parto de emergência, Paloma Mendes garante que ao contrário do que Ana Paula Martins afirmou na Assembleia da República, a puérpera guineense tinha telefone tanto que “ligaram 4 vezes para o 112”, tendo a equipa do INEM chegado “35 minutos depois da amiga ter perdido os sentidos e transportada uma hora e meia depois para o Hospital”, acusa revoltada.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, a Entidade Reguladora da Saúde e a própria ULS Amadora-Sintra já abriram inquéritos ao caso para determinarem as circunstâncias que conduziram à morte da grávida guineense de 36 anos.