A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje para as “persistentes lacunas” na Europa da cobertura vacinal contra a poliomielite, adiantando que houve um declínio nas taxas de vacinação em 2024 deixou 450 mil bebés desprotegidos.
Apesar de a região europeia da OMS estar livre de poliomielite desde 2002, as lacunas na vacinação “representam um risco para a segurança sanitária da região e de outros países”, avisou o Gabinete Regional da OMS para a Europa.
Segundo a organização, foi detetada, desde setembro de 2024, uma variante do poliovírus, o tipo 2 em sistemas de esgotos de seis países da região: Finlândia, Alemanha, Israel, Polónia, Espanha e Reino Unido.
A amostra positiva mais recente foi encontrada no mês passado na Alemanha.
Até agora, referiu a OMS, não foi notificada qualquer transmissão comunitária deste vírus ou casos de poliomielite paralítica em qualquer destes países “graças à cobertura vacinal suficiente nas áreas afetadas”, mas é preciso continuar.
Em fevereiro passado, adiantou a organização, foi detetada a circulação de outra variante do poliovírus, o tipo 1, em Israel, onde foi declarado um surto.
O país mantém um sistema de vigilância do poliovírus altamente sensível, que permite a deteção rápida do vírus, mas as deficiências na imunização dos grupos populacionais de alto risco exigiram medidas para aumentar a taxa de vacinação.
Nos últimos dois meses, o país não detetou qualquer poliovírus.
“Estas deteções isoladas e o surto em Israel recordam-nos a importância da vacinação atempada de todas as crianças, em todas as comunidades”, salientou o diretor de Segurança Sanitária e Emergências Regionais para a Europa, Ihor Perehinets.
No contexto do Dia Mundial da Poliomielite, que hoje se assinala, o Gabinete Regional da OMS para a Europa destacou os progressos alcançados desde o lançamento da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite em 1988.
Os casos de poliovírus selvagem diminuíram mais de 99% em todo o mundo, passando de 350.000 crianças afetadas por ano para menos de 50 até 2025.
“Não devemos regressar a uma época em que a poliomielite ameaçava vidas regularmente e sobrecarregava os sistemas de saúde”, alertou a agência de saúde, reiterando o seu compromisso para com os Estados-membros de erradicar todas as formas do poliovírus em todo o mundo, através do reforço dos programas de imunização e da resposta rápida às deteções do vírus para prevenir a sua propagação.