O secretário-geral do PS defendeu hoje que “há muito tempo” que a ministra da Saúde “perdeu a autoridade política” e acusou o Governo de falta de sentido de Estado e seriedade sobre a localização do Hospital do Oeste.
José Luís Carneiro dedicou hoje parte da sua manhã a uma visita ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, distrito de Setúbal, tendo à saída sido questionado sobre as condições políticas para Ana Paula Martins continuar como ministra da Saúde.
“Há muito tempo que a ministra perdeu a autoridade política”, respondeu.
No entanto, o líder do PS insistiu na ideia de que “o grande responsável é o primeiro-ministro” porque “decidiu manter a ministra que estava já sem autoridade política” desde a greve no INEM “em que ninguém assumiu responsabilidades por aquilo que se passou”.
Carneiro acusou o Governo de ter falhado “em toda a linha nos compromissos que assumiu com as portuguesas e com os portugueses na área da saúde”.
“Eu vou falar de uma outra falta de seriedade que está plasmada nas declarações do primeiro-ministro nas Caldas da Rainha sobre a localização do Hospital do Oeste, que à luz de uma avaliação técnica planeada, com uma avaliação devidamente sustentada, tinha considerado que o Bombarral era a localização para o Hospital do Oeste, mas houve um deputado que fez declarações públicas”, disse.
O líder do PS lançou o desafio aos jornalistas de ir ouvir as declarações do deputado do PSD Hugo Oliveira – que é candidato do partido à Câmara das Caldas da Rainha - e de Luís Montenegro para que retirassem as “conclusões sobre a forma como se define o interesse público” na saúde.
Perante várias insistências dos jornalistas sobre qual era a posição dos socialistas sobre o caso, Carneiro disse: “a minha posição é uma falta de sentido de Estado”.
Outro tema na área da saúde que mereceu a crítica do secretário-geral do PS foi a anunciada reforma pelo Governo, nomeadamente da emergência e da urgência hospitalar.
"Essa reforma tem de ser feita ouvindo, em primeiro lugar, os autarcas. E queria lamentar o facto de, pese embora os pedidos de audiência com a ministra da Saúde por parte dos autarcas desta área metropolitana, até agora não tem qualquer resposta da ministra da Saúde e muito menos do primeiro-ministro", criticou.
Carneiro deixou, por isso,Portanto "uma palavra de preocupação, num momento especial, da vida coletiva, tem a ver com as escolhas que se fazem para as autarquias locais".
"Queria lembrar ao primeiro-ministro que não é possível fazer reformas numa área tão sensível para a vida das pessoas, que é a área da saúde, sem ouvir, envolver, motivar e mobilizar os autarcas para esta reforma", disse.
O presidente do PSD prometeu na véspera, nas Caldas da Rainha, que a decisão sobre o futuro hospital do Oeste só será tomada depois de “um processo de avaliação aprofundado e fundamentado”.
Luís Montenegro falava num jantar-comício de apoio ao candidato PSD/CDS-PP à Câmara das Caldas Rainha, o atual deputado Hugo Oliveira.
Horas antes deste jantar, os deputados do PS eleitos pelo círculo de Leiria já tinham questionado, através do parlamento, a ministra da Saúde sobre o novo Hospital do Oeste, alegando que declarações contraditórias de candidatos autárquicos põem em causa a transparência do processo.
“Nos últimos dias, no contexto da campanha autárquica, surgiram declarações públicas relativas ao futuro Hospital do Oeste que levantam preocupações quanto à transparência e ao rigor técnico do processo de decisão”, afirmam os deputados Catarina Louro e Eurico Brilhante Dias numa pergunta dirigida hoje à ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
Em 2023, o então ministro da Saúde, Manuel Pizarro (PS), anunciou que o novo hospital do Oeste seria construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, no distrito de Leiria, processo entretanto suspendo pelo atual executivo PSD/CDS-PP.