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Vistos pela primeira vez grupos de proteínas que causam a Doença de Parkinson

Lusa
02-10-2025 01:00h

Uma equipa de cientistas visualizou e quantificou pela primeira vez os grupos de proteínas desencadeadores da Doença de Parkinson, segundo o estudo publicado na quarta-feira na revista científica Nature Biomedical Engineering.

"Desenhámos a Deteção Avançada de Agregados - Doença de Parkinson (sigla em inglês, ASA-PD), uma tecnologia de plataforma (`software´) que gera imagens em larga escala de agregados proteicos (grupos de proteínas) no tecido cerebral", refere o estudo, destacando que a tecnologia descreve a distribuição, a prevalência e a localização dos grupos de proteínas desencadeadores da doença.

As novas descobertas podem ajudar a desvendar os mecanismos que fazem a perturbação neurodegenerativa, a Doença de Parkinson, espalhar-se pelo cérebro, segundo a equipa de investigadores da Universidade de Cambridge, da University College London e do Instituto Francis Crick, sendo que todas são no Reino Unido.

A tecnologia pode contribuir inclusive para apoiar o desenvolvimento de diagnósticos e potenciais tratamentos, segundo o estudo, que contou também com a participação de investigadores da Universidade Politécnica de Montreal, no Canada.

De acordo com a investigação, os grupos de proteínas (chamados "oligomeros de alfa-sinucleína") são tão pequenos que até agora não eram visíveis, ou seja, situam-se na mesma escala que moléculas biológicas mais complexas, como por exemplo a hemoglobina, a proteína que transporta oxigénio no sangue.

Para obter os resultados, os cientistas examinaram e compararam amostras de tecido cerebral de pessoas falecidas com Parkinson e de indivíduos saudáveis, com idades próximas

Os cientistas descobriram a presença dos grupos de proteínas em cérebros saudáveis ​​e em cérebros com a doença.

A principal diferença entre os cérebros com e sem a doença era o tamanho dos "oligomeros", que eram maiores, mais brilhantes e mais numerosos nas amostras com a doença, sugerindo uma relação direta com a progressão da Doença de Parkinson.

A equipa descobriu também uma subclasse destes "oligomeros" que apareceu apenas em doentes de Parkinson e pode ser o primeiro marcador visível da doença, possivelmente anos antes do aparecimento dos sintomas.

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, sendo uma perturbação progressiva que afeta o sistema nervoso e provoca diferentes graus de incapacidade e dependência.

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