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Investigadores descobrem que movimentos faciais de ratinhos refletem os seus pensamentos

Lusa
01-10-2025 15:19h

Investigadores da Fundação Champalimaud concluíram que os movimentos faciais dos ratinhos são um reflexo dos seus pensamentos, uma descoberta que abre caminho para o estudo do cérebro de forma não invasiva, anunciou hoje a instituição.

Segundo os autores do estudo, publicado na revista científica Nature Neuroscience, esta descoberta constitui uma prova de conceito de que é possível ler a mente através de gravações de vídeo, potencialmente abrindo caminho para novas ferramentas de investigação e diagnóstico.

Segundo a Fundação Champalimaud (FC), através de técnicas de Aprendizagem de Máquina (um método de análise de dados), a equipa de investigadores demonstrou que os movimentos faciais dos ratinhos são um reflexo dos seus pensamentos escondidos, o que pode levar a uma “compreensão sem precedentes do funcionamento do cérebro”, mas também levanta a necessidade de salvaguardar a privacidade mental.

“O nosso estudo mostra que os vídeos são mais do que a gravação de comportamentos - podem ser uma janela aberta para a atividade cerebral. E embora isto possa ser muito entusiasmante do ponto de vista científico, também levanta muitas questões sobre a necessidade de salvaguardar a nossa privacidade”, salientou Alfonso Renart, um dos autores do estudo e investigador principal da FC.

Na prática, a equipa de cientistas gravou os movimentos faciais dos animais, assim como a atividade dos neurónios no seu cérebro, e analisou estes dados usando algoritmos de Aprendizagem de Máquina.

“Os resultados foram surpreendentes”, reconheceram os investigadores, tendo em conta que os “movimentos faciais eram tão informativos quanto as populações de neurónios”.

“Para nossa surpresa, descobrimos que conseguimos obter tanta informação sobre o que o ratinho estava a pensar como a que conseguimos ao registar a atividade de dezenas de neurónios”, avançou o investigador Zachary Mainen.

Para o autor deste estudo, ter um acesso “assim tão fácil” ao conteúdo escondido da mente pode trazer um impulso importante para a investigação do cérebro, mas também evidencia a “necessidade de se começar a pensar em regulamentação de proteção” para a privacidade mental.

As conclusões indicam ainda que padrões faciais semelhantes representaram as mesmas estratégias em diferentes ratinhos, o que sugere que o reflexo de determinados padrões de pensamento ao nível dos movimentos faciais pode ser estereotipado, à semelhança do que acontece com as emoções.

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