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Autarca do Barreiro critica ministra da Saúde por delinear estratégias sem ouvir autarcas

Lusa
18-09-2025 15:02h

O presidente da Câmara do Barreiro criticou hoje a ministra da Saúde por delinear estratégias sem envolver os autarcas da península de Setúbal e garantiu “oposição feroz” a um eventual fim da urgência de obstetrícia no hospital da cidade.

Frederico Rosa reagiu desta forma à decisão do Governo, anunciada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de criar a curto prazo uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a funcionar em permanência e o Hospital de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM.

A ministra, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, disse ainda que será aberto em 2026 um concurso para a criação de um Centro Materno Infantil da Península de Setúbal, “que viverá dentro do perímetro do Hospital Garcia de Orta”.

O autarca referiu que pelas informações que os autarcas vão lendo, “porque o contacto por parte do Governo tem sido zero”, é de que a obstetrícia vai manter-se no hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, mas que as urgências da especialidade é que não.

"Nós todos percebemos que isso é um desejo e do nosso lado terá uma oposição feroz", disse.

Relativamente à criação de um centro especializado na Península de Setúbal, Frederico Rosa disse que “é obviamente bem-vindo”, mas que isso “não pode conjugar com um encerramento de serviços”, principalmente em territórios que estão em crescimento e que vão ser alvo de projetos que vão alavancar mais o crescimento populacional, como a terceira ponte sobre o Tejo, o novo aeroporto e a ligação Barreiro-Seixal.

“Estamos a falar de territórios, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, que vão sofrer o impacto direto das grandes infraestruturas que o mesmo Governo está a anunciar e depois vão retirar capacidade e valências ao hospital?”, questionou.

O presidente da Câmara Municipal do Barreiro defende que “tem de haver uma estratégia integrada”.

“Não podemos estar a projetar uma estratégia para o país, sem pensar, obviamente, no aumento de serviços de saúde, sem pensar no aumento de escolas, porque isto é uma estratégia integrada”, disse o autarca adiantando que é nesse sentido que o município tem feito um esforço na criação de dois novos centros de saúde e na reabilitação de outros dois.

Os municípios, explicou, estão a fazer um esforço gigantesco nas questões que estão na sua esfera para poder chegar a mais população e do outro lado encontram uma porta fechada que não conversa com os autarcas.

“Volto a fazer o apelo à ministra que reconsidere e que não tenha medo de falar connosco. É em conjunto que se consegue encontrar soluções, é em conjunto que se consegue encontrar o caminho para se resolver aquilo que todos nós queremos”, frisou.

Frederico Rosa adiantou que continua à espera que a ministra da Saúde nomeie o representante das autarquias do Barreiro, Moita, Alcochete e Montijo no Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, criticando o facto de até agora não ter havido resposta por parte do Governo.

O Hospital Nossa Senhora do Rosário pertence à ULSAR, que tem como área de influência direta os concelhos de Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, todos no distrito de Setúbal.

Segundo estatísticas da Pordata, os quatro concelhos têm atualmente 232.604 habitantes.

A ULSAR integra ainda o Hospital Distrital do Montijo, e os centros de saúde de Alcochete, Barreiro, Quinta da Lomba, Moita, Montijo e Baixa da Banheira.

A população da região da Península de Setúbal, segundo dados de 2023 do INE, é de 834.599 habitantes.

Esta região abrange nove concelhos (Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo, Alcochete, Setúbal, Sesimbra e Palmela) e é uma das mais populosas do país.

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