O Governo de Moçambique quer eliminar a cólera “como um problema de saúde pública” no país até 2030, conforme plano aprovado hoje em Conselho de Ministros, avaliado em 409 milhões de euros.
“O plano de eliminação da cólera representa o compromisso do Governo para eliminar a doença como um problema de saúde pública, através de uma abordagem integrada e multissetorial”, disse o porta-voz daquele órgão, Inocêncio Impissa, após a reunião do Conselho de Ministros, em Maputo.
Na reunião foi aprovado o Plano de Eliminação da Cólera (PEC), doença que no atual surto, desde outubro, já provocou pelo menos 64 mortos no país.
“A cólera continua endémica em várias regiões de Moçambique e do mundo, causando surtos recorrentes. A doença é multifatorial e o seu controlo e eliminação exige ações sobre os principais determinantes da doença”, acrescentou Inocêncio Impissa.
É objetivo do Governo "ter um Moçambique livre da cólera como um problema de saúde pública até 2030, onde as comunidades têm acesso à água segura, saneamento e cuidados de saúde de qualidade, alcançados através de ações multissetoriais, coordenadas e informadas por evidências científicas”, disse ainda o porta-voz.
Segundo Inocêncio Impissa, este plano está orçado em cerca de 31 mil milhões de meticais (409 milhões de euros) e “será financiado por diferentes fontes, com destaque para o orçamento do Estado, de parceiros de cooperação bilateral e multilateral, parcerias público-privadas e organizações filantrópicas”.
A Lusa noticiou esta segunda-feira que o único distrito com o surto de cólera ativo em Moçambique não regista novos doentes há 29 dias, segundo balanço das autoridades de saúde, que contabilizam 64 óbitos em 11 meses, acumulando 4.462 infetados pela doença.
De acordo com o mais recente boletim da Direção Nacional de Saúde Pública, do Ministério da Saúde, com dados de 17 de outubro de 2024 até 13 de setembro último, o surto de cólera provocou 3.603 infetados na província de Nampula, norte do país, com 40 óbitos.
Globalmente, desde julho que não se registam óbitos provocados pela doença no país, contabilizando-se apenas cerca de 40 novos casos de cólera em Moçambique no mesmo período.
O surto é considerado ativo, atualmente, apenas em Muanza, província de Sofala, centro do país, quando em julho eram sete distritos, de cinco províncias.
"Às 07:00 do dia 14 de setembro não havia pacientes internados. Nas últimas 24 horas não houve registo de casos, altas hospitalares ou óbitos. O distrito de Muanza tem 29 dias sem registo de novos casos", lê-se no boletim.
Até ao momento, o surto regista uma taxa de letalidade de 1,4%, sendo que 48 dos 64 óbitos foram registados nas comunidades, fora das unidades de saúde.
O surto de cólera em Nampula foi declarado no dia 17 de outubro de 2024, no distrito de Mogovolas.
Mais de 1,7 milhões de pessoas foram vacinadas em maio contra a cólera na província de Nampula, correspondendo a 99% da meta inicial, anunciaram anteriormente as autoridades de saúde.