Clínicas, grupos e cidadãos dos Estados Unidos e da América Latina que partilham conteúdo referente ao aborto `online´ denunciam casos de censura devido às publicações removidas nas redes sociais, noticiou hoje a Associated Press (AP).
"Esperamos chamar a atenção para o problema (remoção de publicações), exigir responsabilização e aumentar a transparência nas práticas de moderação e, em última análise, ajudar a impedir que as plataformas censurem esta informação (sobre o aborto) essencial, por vezes vital", disse a advogada da Electronic Frontier Foundation (EFE), Jennifer Pinsof.
Há meses que a organização sem fins lucrativos norte-americana de direitos digitais, EFE, recolhe exemplos de utilizadores de redes sociais que viram as suas publicações sobre o aborto, removidas ou as suas contas suspensas.
A EFE disse que o objetivo das recolhas é compreender melhor a amplitude do problema, quem é afetado e as consequências, destacando que recebeu cerca de 100 exemplos de remoções de conteúdos informativos sobre o aborto.
Os grupos, na América Latina e nos Estados Unidos (EUA) denunciam o que consideram ser censura, mesmo em locais onde o aborto é legal.
De acordo com os utilizadores, as publicações estão a ser removidas sem violarem as políticas das redes sociais.
As empresas tecnológicas e de redes sociais como a Meta indicam que as políticas não mudaram.
Os especialistas atribuem as remoções ao excesso de fiscalização, sendo que as plataformas de redes sociais estão a reduzir os gastos com a moderação de conteúdos.
Os defensores do aborto disseram que as remoções vão atrasar ou impedir o fluxo informativo.
Os utilizadores destacam ainda que navegar pelos sistemas de recurso das plataformas é muitas vezes difícil, se não impossível.
De acordo com a AP, não é claro se as remoções estão a aumentar ou se as pessoas estão a publicar mais sobre o aborto.
A remoção de publicações aconteceu nas redes sociais da empresa tecnológica Meta, como o Instagram e o Facebook.
O TikTok e o LinkedIn são outras redes sociais onde foram removidas publicações sobre o aborto segundo a EFE.
Alguns criadores de conteúdo relataram ainda situações de vídeos eliminados, que foram restaurados meses depois de terem sido removidos, sem ser dada qualquer explicação sobre a restrição do conteúdo, segundo a AP.