Vinte e cinco pessoas morreram no último fim de semana como consequência do surto de cólera, que afeta desde junho a região de Darfur, no oeste do Sudão, anunciou hoje uma organização local.
O porta-voz da Coordenação Geral para as Pessoas Deslocadas e Refugiadas em Darfur, Adam Riyal, afirmou hoje num comunicado que "12 pessoas morreram de cólera anteontem, sábado, e 13 ontem, domingo", enquanto "as taxas de infeção por cólera continuam a aumentar", numa das regiões mais afetadas pela guerra entre o Exército e grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
Segundo Riyal, que cita dados do Ministério da Saúde do Sudão, o número acumulado de casos desde o aparecimento do surto de cólera há três meses ascende a 11.733, incluindo 454 falecimentos entre os quais se encontram as 25 morted registadas no último fim de semana.
As zonas com o maior surto desta doença bacteriana são Tawila, a cerca de 60 quilómetros a oeste de Al Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, com 5.417 casos desde junho, incluindo 78 óbitos.
No domingo foram registados 58 novos casos nessa região e o surto continua a propagar-se em outras áreas de Darfur, como Jebel Marra e Zalingei, no centro de Darfur, Nyala e nos campos de pessoas deslocadas no sul de Darfur.
Riyal advertiu, com base em relatórios de organizações internacionais e locais, que o cólera está a propagar-se a uma velocidade sem precedentes, dada a escassez de suprimentos médicos e outros serviços nos centros de saúde e a falta de soluções intravenosas.
De acordo com o porta-voz da Coordenação Geral para as Pessoas Deslocadas e Refugiadas em Darfur, as organizações humanitárias, os voluntários locais, os serviços de urgência e as autoridades locais estão a fazer enormes esforços para combater a doença, mas persistem importantes dificuldades e desafios devido ao aumento das taxas de infeção de cólera, à existência da malária, da desnutrição infantil e da fome.
"Estes desafios ameaçam a vida das pessoas e representam um pesadelo e um desastre humanitário esquecido, ignorado pela comunidade internacional num país dilacerado pela guerra, pela fome, pelas doenças, pelas epidemias e pela escassez de alimentos", acrescentou.
No início de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a doença, que é transmitida por água e alimentos contaminados e que pode matar em poucas horas sem tratamento, já estava espalhada pelos 18 estados do país africano, com mais de 105.000 casos e 2.600 mortes.
A cólera avança num país devastado pela guerra que eclodiu a meio de abril de 2023 entre o Exército regular e o grupo paramilitar RSF, que nos últimos meses tem centrado os seus combates na região de Darfur, onde Al-Fashir é o último bastião das Forças Armadas.