O ministro da Saúde de Moçambique admitiu hoje que se "rouba muito medicamento" nos hospitais do país, referindo que "desaparece tudo" em menos de 15 dias após distribuição dos fármacos nas unidades.
"Peço também vossa ajuda no controlo do roubo de medicamentos, rouba-se muito medicamento nos hospitais”, disse Ussene Isse, à margem de um encontro com enfermeiros em Maputo.
O ministro da Saúde afirmou que o Estado moçambicano compra medicamentos que "até sobram" para o país, mas acabam em pouco tempo devido aos casos de furto.
O Governo moçambicano expulsou desde janeiro pelo menos 15 funcionários públicos do aparelho do Estado por envolvimento no furto de medicamentos nas unidades de saúde, noticiou a Lusa em 31 de julho.
“O roubo de medicamentos está a criar défice nas unidades sanitárias. Para combater o cenário, o Ministério da Saúde criou um sistema de denúncias de venda de medicamentos do Sistema Nacional Fora das Unidades Sanitárias”, disse na altura o ministro da Saúde, em declarações aos jornalistas.
Segundo o governante, a maioria dos profissionais envolvidos são das províncias de Manica, Tete, Niassa e Zambézia, atos que o Governo está a combater através da colaboração entre as comunidades e as autoridades sanitárias, incluindo o recurso a denúncias.
O Presidente de Moçambique anunciou, em 30 de julho, que o país passa a usar um sistema tecnológico de rastreamento de medicamentos e produtos de saúde, cujo objetivo é precisamente travar o furto dos fármacos.
Segundo o chefe do Estado moçambicano, a iniciativa de avançar com um sistema tecnológico de rastreamento de medicamentos desde a fábrica até à cadeia de distribuição, com recurso a selo, faz parte de uma estratégia do Governo para o que chamou de “soberania sanitária”, que visa tirar o país da dependência no acesso aos produtos fármacos, sobretudo em tempos de crise onde há escassez.