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Dois milhões de moçambicanos em situação de insegurança alimentar - Governo

Lusa
12-08-2025 15:41h

Dois milhões de moçambicanos estão em situação de insegurança alimentar, dos quais 148 mil necessitam de "assistência humanitária urgente”, afirmou hoje o Governo.

A informação foi avançada hoje pelo porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Inocêncio Impissa, com os dados preliminares da avaliação da segurança alimentar no período após a época chuvosa, realizada em março e abril em 11 milhões de cidadãos de 66 distritos.

“Dos 11 milhões de cidadãos alcançados, 5,2 milhões estão com níveis satisfatórios de segurança alimentar, quatro milhões têm condições de se alimentar e dois milhões de moçambicanos estão em situação de insegurança alimentar”, disse Impissa.

O responsável acrescentou que pelo menos 148 mil pessoas encontram-se em situação de emergência, “necessitando de assistência humanitária urgente”.

“O Governo, através do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres [INGD] e parceiros, está a trabalhar para cobrir as necessidades destes agregados familiares, estando também em curso o apoio em insumos e instrumentos agrícolas para a campanha agrícola 2025-26”, acrescentou o porta-voz do Governo.

Em 07 de agosto, as autoridades de Moçambique estimaram que cerca de 2,3 milhões de moçambicanos podem enfrentar insegurança alimentar aguda até finais deste ano, devido à seca associada ao fenómeno climático El Ninõ. 

"Em Moçambique (...) estima-se que cerca de 2,3 milhões de pessoas possam enfrentar insegurança alimentar aguda até o final da época de 2024/2025", disse, naquela data, o diretor regional sul do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Cândido Ampute.

Segundo o responsável, o El Niño teve um impacto significativo na agricultura e "consequentemente na insegurança alimentar", principalmente na região centro de Moçambique.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, mas também períodos prolongados de seca severa. 

Só entre dezembro e março, o país já foi atingido por três ciclones, que, além da destruição de milhares de casas e infraestruturas, provocaram centenas de mortos no norte e centro do país.

Os eventos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Em fevereiro, o relatório da Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar - IPC estimou também que cerca de 3,3 milhões de pessoas enfrentariam insegurança alimentar devido aos impactos dos choques climáticos e da insurgência armada em Moçambique.

As Nações Unidas também estimaram, na altura, que a insegurança alimentar agravada pelo El Niño atingiu “níveis sem precedentes” em Moçambique, ameaçando quase cinco milhões de pessoas, num cenário de seca e de falta de financiamento internacional para apoio no terreno.

De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), as conclusões resultam da análise à atividade agrícola e de insegurança alimentar, indicando que “atingiu níveis sem precedentes em Moçambique”, com um total de 4.890.232 pessoas ameaçadas por essa insegurança alimentar até ao final da campanha, encerrada em março.

A OCHA lançou em 2024 um apelo para 222 milhões de dólares (213 milhões de euros) de apoio internacional para combater os efeitos da seca em Moçambique, mas reconhece que enfrenta “um défice de financiamento significativo”, tendo angariado apenas 28,7 milhões de dólares (27,5 milhões de euros), equivalente a 13% das necessidades identificadas.

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