A agência de saúde pública da União Africana (UA) anunciou hoje um plano de ações coordenadas entre os países do continente que visa gerir o impacto das alterações climáticas na saúde.
Para o subdiretor de incidentes dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de África (CDC África), Yap Boum, é fundamental ajudar os países africanos a implementarem um plano que aborde o impacto das alterações climáticas.
Desta forma, os CDC África desenvolveram o Quadro Estratégico para as Alterações Climáticas e a Saúde, que, segundo a entidade, é um guia "concebido para abordar a interceção entre o clima e a saúde através de ações coordenadas e baseadas em evidências", explicou Boum.
De acordo com a agência de saúde pública, as alterações climáticas representam "um dos desafios de saúde pública mais urgentes da atualidade, com impactos desproporcionais que são cada vez mais evidentes em todo o continente africano".
Em África, uma análise de mais de 2.000 eventos de saúde pública ocorridos entre 2001 e 2021 indica que 56% estão relacionados com as alterações climáticas, de acordo com a agência africana.
A nível mundial, as projeções indicam que as alterações climáticas causarão 14,5 milhões de mortes adicionais, mais de dois mil milhões de anos de vida saudável perdidos e 12,5 mil milhões de dólares (cerca de 10,7 mil milhões de euros) em perdas económicas até 2050, estimou a agência da UA.
Os fenómenos meteorológicos extremos, as mudanças nos padrões de doenças, a insegurança alimentar e as doenças transmitidas pela água - como a cólera, que atualmente atinge 21 países africanos - estão a intensificar-se em África, o que representa riscos significativos para a saúde e o bem-estar das comunidades, lamentou.
Nesse contexto, "o plano evidencia a necessidade de uma capacidade institucional sólida, mecanismos de financiamento inovadores, adoção de tecnologias, colaboração e, claro, vontade política nos Estados-membros para impulsionar avanços tangíveis", explicou Boum.
Para a União Africana, o caminho para a resiliência climática é complexo e desafiante, mas com as estratégias, alianças e investimentos adequados, África pode construir um futuro onde os sistemas de saúde sejam robustos, as comunidades sejam empoderadas e os impactos das alterações climáticas na saúde sejam geridos de forma eficaz.