O secretário-geral do PCP acusou o “quinteto do retrocesso” (PSD, CDS, Chega, IL e PS) de querer “desmantelar o Serviço Nacional de Saúde” (SNS), ironizando que a ministra da tutela é “competentíssima a executar o programa do Governo”.
“Precisamos de fixar médicos, enfermeiros e técnicos. Para isso é preciso criar as condições para os fixar. O governo só não cria essas condições porque está interessado no seu desmantelamento. Tanto lhes faz, é indiferente, se estão cinco, seis ou oito urgências fechadas, mesmo com as consequências que isso pode ter”, observou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas, a propósito da morte de dois bebés de duas grávidas que tiveram de recorrer à urgência hospitalar.
O comunista frisou que “há um limite para as coisas” e já foi atingido, notando que a ministra da Saúde “não é incompetente”, antes “leva à letra o programa do Governo, para mal do SNS, das grávidas, dos utentes”.
“O que ela está é a concretizar com grande competência o programa do governo”, frisou, em Vilar de Mouros, Caminha, distrito de Viana do Castelo, à margem da 35.ª edição do Passeio de Mulheres, organizado pela CDU/Porto.
Raimundo observa que “os acontecimentos não podem ficar à margem da responsabilidade política” e “não é preciso nenhuma morte para isso acontecer”.
“Mas de que nos vale mudar de ministra? Se mudar a ministra as urgências deixam de estar fechadas, muda a política para fixar médicos, enfermeiros e outros funcionários? Se for assim muda-se já a ministra, ontem”, afirmou.
A culpa da atual situação é do PSD e do CDS, do Chega, da IL, mas também do PS, diz o secretário-geral do PCP.
“Não vale a pena o PS chorar lágrimas de crocodilo, porque votou a favor do programa do Governo. Podia-se ter abstido, no mínimo. Mas não. Pôs as mãos, os braços, as pernas, pôs o corpo todo por baixo do Governo”, criticou.
No programa, diz Raimundo, “está lá tudo escrito, não é só as privatizações”, mas “também o desmantelamento do SNS”.
“É preciso encarar o SNS como a solução para dar resposta ao problema das pessoas. Para isso não é possível continuar a desmantelá-lo e cortá-lo aos retalhos, que é o que está a acontecer”, censurou.
Alertando para as oito urgências que estão hoje fechadas, o comunista perguntou se “os médicos desapareceram todos”.
“Não há médicos disponíveis? Porque é que o Estado não faz o que o privado faz ao Estado, que é ir buscá-los onde eles estão?”, questionou.
A RTP noticiou que uma mulher grávida de 31 semanas, em situação de risco, perdeu esta quinta-feira o bebé, depois de ter sido encaminhada para um hospital a mais de uma hora de distância da zona de residência
O Ministério da Saúde, em comunicado, negou que tenha sido recusada assistência à grávida que perdeu o bebé, assegurando que a utente foi acompanhada por um médico do INEM durante o trajeto entre o Barreiro e o Hospital de Cascais.
Na semana passada, a RTP divulgou outro caso de uma grávida de 31 semanas que terá ligado para a linha de Saúde 24, sem sucesso, e acabou por ligar para o 112, sendo acionados os bombeiros do Barreiro.
Segundo a notícia, a grávida acabou por ser transportada para Cascais porque as urgências do Hospital S. Bernardo, em Setúbal, que deveriam estar abertas, encerraram por sobrelotação, uma situação negada pelo ministério.