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Cortes dos EUA à África do Sul deixam milhares de profissionais de saúde no desemprego

LUSA
15-05-2025 18:38h

Os cortes no financiamento pelo Governo norte-americano colocaram mais de 8 mil profissionais de saúde do programa nacional de VIH da África do Sul no desemprego, disse hoje o ministro da Saúde do país.

O desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) pelo Governo de Donald Trump afetou fortemente o maior programa de tratamento de VIH (Vírus da Imonudeficiência Humana) do mundo.

Os cortes no financiamento fecharam também 12 clínicas especializadas em VIH geridas por organizações não-governamentais na África do Sul e financiadas pela USAID através do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR), disse o ministro da Saúde, Aaron Motsoaledi.

Os 8.061 profissionais de saúde que perderam empregos representam mais da metade dos profissionais de saúde financiados pela USAID através do PEPFAR, disse o ministro.

As clínicas que foram afetadas pelos EUA estavam, em grande parte, a tratar homens homossexuais e profissionais do sexo, considerados em maior risco de infeção pelo VIH e que enfrentam estigma nas instalações de saúde pública.

A África do Sul tem quase seis milhões de pessoas medicadas para o VIH, mais do que qualquer outro país do mundo.

O ministro afirmou que o Governo de Donald Trump cortou cerca de 436 milhões de dólares (390 milhões de euros) anuais em financiamento para o tratamento e prevenção do VIH na África do Sul, um valor que representa parte do programa anual de 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros).

Os testes de carga viral - que medem a quantidade de vírus VIH presente no sangue dos pacientes em tratamento - diminuíram 21% desde que os cortes na ajuda entraram em vigor em fevereiro, disse o ministro da Saúde.

A diretora executiva da Fundação de Saúde Desmond Tutu, Linda-Gail Bekker, disse que os profissionais de saúde estão profundamente preocupados com a possibilidade de anular os progressos alcançados no tratamento do VIH e com a perda de postos de trabalho dos profissionais de saúde.

“Temos de deixar categoricamente claro que não permitiremos, em circunstância alguma, que este enorme trabalho realizado ao longo de mais de uma década e meia se desfaça porque o Presidente Trump decidiu fazer o que fez”, afirmou Motsoaledi.

O tratamento e a prevenção do VIH é uma das áreas mais afetadas pelo fim da ajuda externa dos EUA, especialmente na África subsaariana.

Embora a África do Sul ainda tenha doadores como o Fundo Global a prestar assistência financeira ao programa de VIH, Aaron Motsoaledi disse que tem sido feita pressão junto de outros governos e agências de ajuda para obter assistência, mas não tinha conseguido obter um novo financiamento.

 

 

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