O secretário-geral do PS acusou hoje AD de querer fazer “xeque-mate ao Estado social” com a sua proposta de choque fiscal e também criticou a medida do vale consulta, alegando que deixaria o Estado “na mão de terceiros”.
“O choque fiscal que a AD (Aliança Democrática) quer propor é um choque fiscal para alguns, mas é na realidade um xeque-mate ao Estado social, à maioria do povo português”, acusou Pedro Nuno Santos num comício no pavilhão Rosa Mota, no Porto, que contou com a presença de várias personalidades socialistas, entre as quais o primeiro-ministro, António Costa.
Neste discurso, o líder socialista voltou a defender que a AD apresenta ao país “uma aventura fiscal” e rejeitou as críticas de que o cenário macroeconómico que consta do programa eleitoral do PS - e que aponta para um crescimento de 2% ao longo da legislatura - seja “menos ambicioso”.
“É um cenário macroeconómico sério, responsável, cauteloso. Nós temos uma estratégia para que a economia cresça muito mais do que a deles. Só que, quando nós construímos um cenário macroeconómico, nós quisemos ter indicadores que fossem credíveis”, declarou.
Esses dados têm de ser credíveis, prosseguiu o líder socialista, para que o partido não faça “promessas irrealizáveis, incumpríveis” e para que o país “nunca passe mais pelo que passou no passado”.
“Nós queremos segurar, proteger os rendimentos dos portugueses, as pensões, os salários e, por isso, é que o nosso programa é ambicioso, ambicioso onde deve ser: nos salários, no Estado social. É ambicioso, cauteloso e responsável sempre”, afirmou.
Ao longo do discurso, Pedro Nuno Santos abordou várias propostas do PS para áreas como a habitação, salários, educação ou jovens famílias, dedicando uma larga parte da sua intervenção ao tema do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que considerou ser a “maior construção coletiva do povo português” e que se comprometeu a defender.
Entre as proposta que elencou para o setor, Pedro Nuno Santos destacou, em particular, a introdução de um programa de saúde oral no SNS, um maior investimento na hospitalização domiciliária ou a emissão de receitas por médicos de lares.
Neste ponto, Pedro Nuno Santos voltou a criticar a direita, considerando que a resposta que a AD apresenta para o SNS “é ineficaz e será mais cara”, criticando em particular a proposta do vale consulta.
Para o líder socialista, a direita fala “como se houvesse capacidade excedentária no setor privado”, como se houvesse “salas de cirurgia, de consulta, médicos, enfermeiros sem nada para fazer nos hospitais privados”.
No entanto, Pedro Nuno Santos salientou que “80% dos médicos que estão no setor privado são do SNS” e essa “capacidade excedentária não existe”, salientando que o PS optou por não avançar com um vale consulta porque, ao contrário do vale cirurgia, as consultas não são resolutivas e finitas.
“Depois da primeira consulta, há exames, e há uma segunda, e há exames, e há uma terceira e quarta… O Estado ficaria na mão de terceiros, deixaria de conseguir controlar os gastos públicos, os recursos públicos”, criticou.
Na ótica do líder socialista, o vale consulta é uma “forma errada de gerir os recursos públicos” e é uma “falsa resposta, que sairia muito mais cara ao povo português”.
“Se o Estado tem dinheiro, se tem recursos, tem de investir e de reforçar os nossos hospitais, os nossos centros de saúde, os nossos profissionais de saúde. A nossa resposta é a resposta correta, eficaz, é a resposta menos dispendiosa”, sustentou.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.