SAÚDE QUE SE VÊ

Países devem alargar controlo de doenças infecciosas em consumidores de drogas injetáveis - organismos europeus

Lusa
07-11-2023 13:30h

Os países deverão alargar o controlo de doenças infecciosas entre pessoas que consomem drogas injetáveis, defenderam hoje organismos europeus, alertando para o risco dos vírus transmitidos pelo sangue.

Nas novas orientações hoje conhecidas, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) apresentam seis intervenções para prevenir e controlar infeções, atualizando a edição de 2011.

Em comunicado, o EMCDDA e o ECDC referem que o consumo de drogas injetáveis continua a ser um fator de risco assinalável na infeção com vírus transmitidos através do sangue, como as hepatites B e C e o VIH, mas também outras doenças infecciosas, como as infeções sexualmente transmissíveis (IST) e a tuberculose.

“(…) Fatores como as condições de vida ou práticas sexuais de alto risco colocam algumas pessoas que injetam drogas em maior risco”, alertam, indicando que “as infeções associadas à partilha de equipamentos de injeção contaminados ou a outros modos de transmissão afetam a qualidade de vida e a esperança de vida das pessoas”.

De acordo com o EMCDDA e o ECDC, várias doenças incluídas nas orientações são o foco da Meta 3.3 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, na qual os países se comprometem a acabar com a Sida e a tuberculose e a combater a hepatite até 2030.

“Estas orientações atualizadas reiteram a necessidade de os países alargarem a sua cobertura de serviços de redução de danos e de tratamentos que salvam vidas e que provam ser eficazes na prevenção e controlo de doenças infecciosas entre pessoas que injetam drogas. Temos o conhecimento. Agora, precisamos de garantir que estas intervenções sejam realizadas na escala ideal”, adiantou, citado no comunicado, o diretor do EMCDDA, Alexis Goosdeel.

Alcançar a meta do ODS, lembra, não será possível a menos que os vírus sejam analisados em todas as populações, incluindo nas pessoas que injetam drogas.

“As mudanças no mercado europeu de drogas e nos padrões de consumo nos últimos anos criaram novos desafios. A injeção de estimulantes, muitas vezes em combinação com opiáceos, por exemplo, resultou em surtos de doenças infecciosas em várias cidades da União Europeia”, observou Alexis Goosdeel.

As principais áreas de intervenção e recomendações propostas nas orientações vão desde o fornecimento de equipamento de injeção estéril, testes e vacinação, até ao tratamento de infeções e dependência de drogas e à criação de salas de consumo.

“Existem ferramentas melhores e mais eficazes do que nunca para prevenir, detetar e tratar infeções associadas ao consumo de drogas injetáveis. No entanto, o acesso a estes serviços é muitas vezes dificultado por barreiras como o estigma, a discriminação ou a legalidade”, salientou a diretora do ECDC, Andrea Ammon.

Para Andrea Ammon, cabe aos decisores políticos considerar abordagens que promovam a acessibilidade dos serviços.

Ao longo da última década, segundo o EMCDDA e o ECDC, tem havido uma redução constante no número de diagnósticos de VIH entre pessoas que injetam drogas, mas, recordam, desde 2015, muito poucos países da União Europeia (UE) e do Espaço Económico Europeu (EEE) registaram uma diminuição substancial na transmissão do vírus da hepatite C.

“A hepatite C tende a ser mais comum do que o VIH entre pessoas que injetam drogas e um historial de consumo de drogas injetáveis é o fator de risco mais frequentemente notificado nos países da UE e da EEE para adquirir a doença”, sublinham, acrescentando que, “para a máxima eficácia das intervenções, é essencial a coordenação entre os setores de saúde e serviços sociais”.

MAIS NOTÍCIAS