A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) relatou hoje que o sismo de sexta-feira em Marrocos teve “impactos devastadores” na região em torno de Marraquexe, onde há necessidades médicas urgentes.
Num comunicado remetido às redações, os MSF referem que o coordenador de emergências da organização médica humanitária, John Johnson, descreve os “fortes impactos” do terramoto em Marraquexe e em cidades e vilas nos arredores, onde a devastação é imensa.
Os MSF estão no país desde sábado e encontram-se já em Marraquexe a avaliar as necessidades, em coordenação com as autoridades locais para identificar a forma como podem ajudar as operações no terreno.
Numa declaração em áudio, divulgada pela organização humanitária, Johnson referiu que já se deslocaram a Amizmiz, uma aldeia próxima do local do epicentro do sismo, onde, numa tenda com parcos equipamentos médicos, o pessoal sanitário “totalmente exausto” presta “a assistência possível” aos feridos.
“Estão a trabalhar numa tenda, porque as pessoas têm medo de ficar dentro dos edifícios pois temem eventuais réplicas, o que pode levar ao desabamento dos edifícios, a maioria deles em ruínas”, afirmou, dando conta de que dezenas de feridos foram aí tratados e os casos mais graves foram transportados de ambulância para um hospital em Marraquexe.
Segundo Johnson, os médicos e enfermeiros estão a assistir os feridos com os medicamentos que tinham disponíveis na altura, “que começam a escassear”.
“Vimos voluntários da Cruz Vermelha e militares marroquinos. Houve uma grande distribuição de colchões para as pessoas poderem dormir, de água e de alimentos para as pessoas que não têm acesso, e há ambulâncias a deslocarem-se entre o epicentro e os hospitais de referência, para que as pessoas afetadas possam ser evacuadas rapidamente para onde possam ser tratadas”, descreveu.
Johnson disse também que vários membros da delegação dos MSF visitaram também algumas aldeias próximas do epicentro.
“É realmente incrível a devastação que vimos. Nas cidades maiores, os edifícios mais modernos parecem ter resistido bastante bem, mas muitos dos edifícios tradicionais das aldeias mais pequenas foram completamente destruídos. A fase mais aguda já deve ter passado e parece cada vez menos provável que encontremos alguém vivo, mas talvez ainda seja possível encontrar cadáveres para os enterrar devidamente”, acrescentou.
“Estamos a reunir-nos com diferentes diretores de hospitais para ver se há necessidade de recursos humanos ou de material farmacêutico ou se há necessidades logísticas com que os possamos apoiar”, concluiu.
O sismo que atingiu Marrocos na noite de sexta-feira causou, para já, 2.122 mortos e 2.421 feridos, provocando danos generalizados na região de Marraquexe, importante destino turístico marroquino.
O tremor de terra, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos.