SAÚDE QUE SE VÊ

Indústria do sexo da Rússia vira-se para a Ásia face a sanções ocidentais

Lusa
30-08-2023 09:47h

O regresso do principal evento da indústria do sexo na Ásia, que arrancou hoje, após um interregno de dois anos devido à pandemia, atraiu hoje empresários russos a Hong Kong, à margem das sanções ocidentais.

Olga, uma consultora que vive há uma década na região chinesa, disse à Lusa que foi à Asia Adult Expo (AAE) para servir como tradutora para um empresário russo interessado em comprar novos produtos fabricados na China continental.

“O mercado russo é bastante grande e isto [a indústria do sexo] é muito importante na Rússia, mais do que em outros países”, disse Olga, que descreve os russos como mais desinibidos no que toca à sexualidade.

A China é há muito um importante fornecedor de brinquedos sexuais para a Rússia, mas a consultora admitiu que as sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia fizeram os empresários russos virarem-se ainda mais para a Ásia.

As forças russas lançaram a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar o país vizinho para segurança da Rússia.

A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Anna, uma empresária russa, confirmou também à Lusa o impacto das sanções, após assistir a uma palestra, no programa da AAE, onde uma convidada sublinhava o potencial do mercado do sexo na Rússia.

“As sanções fizeram com que até voar para países ocidentais seja difícil”, lamentou Anna, recordando que a União Europeia fechou o espaço aéreo europeu a aviões russos logo após o início da invasão da Ucrânia.

“Esta é praticamente a primeira oportunidade que temos de falar pessoalmente com os fabricantes e de ver os novos produtos desde o início da pandemia” de covid-19, sublinhou a empresária.

“Ao longo dos últimos três anos, houve muitas empresas que surgiram, mas durante este período não houve esta plataforma de comércio cara-a-cara”, lamentou Kenny Lo, diretor da Brilliant Vertical Exhibition, empresa que organiza a AAE.

Lo disse à Lusa que o evento conta com cerca de 250 expositores, um número que “mais que duplicou” em comparação com a última edição, realizada em 2019, antes do início da pandemia.

O organizador confirmou que a maioria dos expositores vem da China continental e que mais de metade são empresas novas, que participam pela primeira vez na AAE.

A China anunciou em dezembro o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições no âmbito da política 'zero covid', que incluía a proibição da entrada da esmagadora maioria dos estrangeiros.

Também o espaço de exposição da AAE mais que duplicou este ano, sublinhou Kenny Lo, que disse acreditar que “a maioria [dos expositores] quer mostrar os seus produtos aos compradores e clientes ao vivo”.

“Por isso havia uma grande necessidade de uma plataforma física para comércio”, disse o organizador da feira, que no primeiro dos três dias atraiu longas filas de visitantes.

MAIS NOTÍCIAS