O Governo moçambicano disse hoje que os médicos que faltarem ao trabalho devido à greve em curso vão ser responsabilizados, anunciando a contratação de novos profissionais.
“O governo não só continuará a fazer o seu trabalho no que concerne ao registo de faltas para responsabilização dos médicos faltosos, como também tem estado a pensar em estratégias que visam resolver este problema”, frisou o porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Filimão Suaze, após uma reunião do governo.
Em causa está a greve nacional, com a observância dos serviços mínimos nas unidades de saúde, convocada pela Associação Médica de Moçambique (AMM) em protesto sobretudo contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.
Segundo o porta-voz do Conselho de Ministros, pelo menos 60 novos médicos serão contratados no âmbito destas estratégias, reiterando que quatro pontos de um total de cinco reivindicações levantadas pela classe médica foram ultrapassados.
“Temos a partilhar que dos cinco pontos que tínhamos por satisfazer ao longo do mês de julho quatro foram ultrapassados, tendo ficado um relativo as horas extraordinárias até 2020, que, a esta altura, está em quase 80% de satisfação”, declarou Filimão Suaze.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Associação Médica de Moçambique (AMM) apresentou uma versão contrária sobre os entendimentos entre as partes.
“Não é verdade o que foi dito, mas eles querem mostrar uma boa imagem”, declarou hoje o porta-voz da AMM.
Na quinta-feira, o presidente da AMM, Milton Tatia, tinha admitido à comunicação social que o Governo já está a pagar os horários extraordinários em atraso, queixando-se, entretanto, de falta de transparência no processo e do pagamento de valores inferiores ao devido.
“Se o Governo, através do Ministério da Saúde, quiser agir de boa-fé que apresente provas, envie para a associação um documento a explicar os pagamentos para nós também podermos acalmar os nossos colegas”, sugeriu, na altura, Tatia, acrescentando que os recursos humanos e o setor da contabilidade também não têm informações sobre a forma como são feitos os pagamentos.
O Ministério da Saúde (Misau) afirmou ter resolvido os problemas de redução e falta de pagamento de salários, enquadramento sem observar o tempo de serviço e enquadramento inferior ao acordado, estes dois últimos pontos que constam ainda das queixas apresentadas pelos médicos.
A AMM refere que durante o processo negocial com o Governo, cederam em alguns pontos do caderno reivindicativo, como no caso da redução do subsídio de exclusividade, que passou de 40 para 5%, do subsídio de risco de 30 para 5%, e do subsídio de turno, que caiu de 30% para 5%.
A aplicação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.