Os voos controlados pela FIR Oceânica do Sal aumentaram 32% no primeiro trimestre do ano, face a 2022, para o equivalente a 151 por dia, praticamente regressando a valores pré-pandemia, segundo dados da empresa pública cabo-verdiana ASA.
De acordo com um boletim estatístico do primeiro trimestre de 2023 da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), ao qual a Lusa teve acesso, globalmente, este tráfego totalizou 13.618 movimentos de sobrevoos de janeiro a março, crescendo face aos 10.318 no mesmo período de 2022 e a apenas 156 movimentos do primeiro trimestre de 2019, antes das consequências da pandemia de covid-19.
“Os resultados neste período aproximam-se a passos largos dos valores de 2019, estando a 1% (a cerca de 156 sobrevoos), quando comparados com o ano pré-pandémico”, lê-se no relatório da ASA.
“Este crescimento de sobrevoos no primeiro trimestre de 2023, face ao mesmo período de 2022, representa uma melhoria na confiança e liberdade de circulação de pessoas entre os países e continentes, influenciando diretamente o tráfego de sobrevoos na nossa FIR”, acrescenta.
De janeiro a março deste ano a transportadora aérea portuguesa TAP voltou a liderar entre os voos controlados por Cabo Verde no oceano Atlântico, com 19% do total, seguida da Ibéria, com 7,9%, e da TAM, com 6,2%.
Em 2019, antes das consequências da pandemia de covid-19 na aviação mundial, a FIR Oceânica do Sal, que representa uma importante receita para o Estado cabo-verdiano, controlou 58.345 movimentos de sobrevoos.
Os voos controlados pela FIR Oceânica do Sal já tinham quase duplicado de 2021 para 2022, para uma média equivalente a 133 aviões por dia, segundo dados anteriores da ASA. De acordo com um boletim estatístico de 2022 da ASA, este tráfego totalizou 48.617 movimentos de sobrevoos em todo o ano, representando um aumento de 76% quando comparado com 2021, que foi então de 27.686 sobrevoos.
Os rendimentos da ASA com o setor da navegação aérea cresceram 19% de 2017 para 2018, para 2.945 milhões de escudos (26,6 milhões de euros), então o equivalente a 43% de todas as receitas da empresa pública que gere os aeroportos do país, mas praticamente desapareceram nos meses que se seguiram à pandemia de covid-19.
A FIR corresponde a um espaço aéreo delimitado verticalmente a partir do nível médio do mar, sendo a do Sal – que existe desde 1980 - limitada lateralmente pelas de Dacar (Senegal), Canárias (Espanha) e Santa Maria (Açores, Portugal).
Toda esta área está sob jurisdição das autoridades aeronáuticas cabo-verdianas, tendo a FIR sido criada em 1980.
O Governo cabo-verdiano atribuiu há um ano a concessão dos aeroportos e aeródromos do país – atualmente a cargo da empresa pública ASA - à sociedade Vinci Airports SAS, por um período de 40 anos, num negócio em que o Estado vai receber 80 milhões de euros, além de bónus das receitas brutas.
A ANA - Aeroportos de Portugal vai ter 30% das participações na sociedade de direito cabo-verdiano criada para celebrar o contrato de concessão.
O executivo liderado por Ulisses Correia e Silva esclareceu, contudo, que, além da gestão de ativos financeiros que detém, a ASA continuará com a responsabilidade de prestar os serviços de Navegação Aérea, nomeadamente na gestão da FIR Oceânica do Sal, que se manterá 100% na esfera pública, não sendo alvo de concessão a privados.
A localização estratégica da FIR do Sal coloca-a “na encruzilhada dos maiores fluxos de tráfego aéreo entre Europa e a América do Sul e entre a África Ocidental e a América do Norte e Central e as Caraíbas”, explicou anteriormente a ASA.
O Centro de Controlo Oceânico do Sal funciona no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, tendo sido inaugurado em 24 de junho de 2004.