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Covid-19: Estudo questiona efeito de “fronteiras porosas” em Moçambique

Lusa
17-05-2023 11:27h

A restrição de circulação e encerramento de fronteiras atrasou a entrada em Moçambique de variantes da covid-19 oriundas do estrangeiro, mas não foi eficaz a travar as de países vizinhos, segundo um novo estudo científico.

“As restrições de circulação e o fecho de fronteiras provavelmente impediram ou atrasaram em grande parte a introdução de variantes de países não africanos, mas foram insuficientes para impedir a entrada do vírus de países vizinhos”, referiu Mariana López, investigadora do Instituto de Biomedicina de Valencia (IBV), Espanha.

O trabalho foi feito com base em amostras recolhidas no sul de Moçambique, liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona, numa colaboração com o Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), província de Maputo, e o IBV, agora divulgado na Lancet, publicação científica.

“Estes resultados levantam questões sobre a relação custo-benefício de tais medidas num contexto de fronteiras porosas, como é o caso de Moçambique”, lê-se no resumo do trabalho.

Os cientistas concluíram ainda que “apenas uma fração das introduções [no país] contribuiu para a propagação local do vírus”.

"Podemos concluir que a covid-19 foi transmitida em Moçambique através de migrações regionais (para a variante beta) e internacionais (para a variante delta)", explica Inácio Mandomando, coordenador da área de doenças tropicais bacterianas, virais e outras doenças tropicais negligenciadas do CISM.

Os resultados indicam que a grande maioria das quase 1.000 sequências de Moçambique analisadas neste estudo correspondeu à variante delta (que dominou na terceira vaga, entre junho e setembro de 2021), seguida da beta (que dominou na segunda vaga, entre janeiro e março de 2021).

Moçambique retirou em abril a exigência de certificado de vacina e de teste negativo de covid-19 aos estrangeiros que pretendem entrar no país, que eram das últimas restrições em vigor impostas pela pandemia.

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