O Brasil analisará a presença de anticorpos contra a covid-19 em amostras de sangue de 211.129 pessoas, num ambicioso estudo para identificar a prevalência do coronavírus no país e verificar a resposta à vacinação.
O estudo, um dos maiores do género no mundo e que foi divulgado hoje pelo Ministério da Saúde do Brasil, pretende ainda elaborar o perfil demográfico e socioeconómico dos infetados.
Os exames sorológicos serão realizados em 211.129 pessoas de 62 mil domicílios, em 274 municípios, incluindo capitais estaduais e suas respetivas regiões metropolitanas.
O principal objetivo do projeto é conhecer a percentagem de pessoas infetadas pelo novo coronavírus nos diferentes grupos sociais da população brasileira e estabelecer as características socioeconómicas, demográficas e epidemiológicas de quem contraiu ou não a doença e de quem desenvolveu anticorpos.
O estudo também se propõe a medir a magnitude da infeção por coronavírus nas diferentes regiões e cidades do país e obter dados para cálculos mais precisos sobre mortalidade, letalidade e prevalência da doença.
Os participantes serão escolhidos a partir de uma base de dados com o qual o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), principal levantamento demográfico do país depois do Censo e que é realizada anualmente.
As amostras sorológicas serão analisadas pelas unidades diagnósticas nas cidades do Rio de Janeiro e Fortaleza da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de investigação médica da América Latina e vinculada ao Ministério da Saúde.
As amostras de sangue de todos os participantes serão armazenadas por cinco anos num depósito biológico para estudos futuros, explicou o secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério, Arnaldo Medeiros, na cerimónia de apresentação do projeto.
Para além das amostras de sangue, os responsáveis pelo estudo irão recolher dados sobre sintomas recentes e anteriores dos participantes, contactos com possíveis infetados, realização de testes de diagnóstico, vacinação contra a covid-19 e respetivo historial médico.
A previsão é que o estudo tenha início em junho, após os moradores de todas as residências selecionadas serem previamente contactados e assinarem os respetivos documentos nos quais concordam em participar no projeto.
Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o Governo vai investir 200 milhões de reais (31 milhões de euros) no estudo.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 411.588 óbitos e mais de 14,8 milhões de infeções.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.230.058 mortos no mundo, resultantes de mais de 154,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.