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OIM alerta para risco de limites de acesso a cuidados médicos para 800.000 sul-sudaneses

LUSA
04-05-2021 17:09h

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou hoje que mais de 800.000 pessoas no Sudão do Sul poderão ficar, em junho, sem acesso aos cuidados de saúde prestados pela organização, caso não sejam reunidos os fundos necessários.

“Deslocados internos, retornados e populações afetadas por conflitos que já vivem em situações terríveis podem em breve enfrentar um perigo ainda maior para as suas vidas e saúde devido à pandemia de covid-19 e ao início da época chuvosa e das inundações”, refere a organização num comunicado emitido hoje.

Segundo a OIM, mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiências “correm o risco de perder o acesso aos serviços de cuidados de saúde primários”, que incluem saúde materna e pediatria, serviços de saúde sexual e reprodutiva, e testagem e tratamento da sida e da tuberculose.

“A próxima época chuvosa traz consigo um maior risco de cólera, malária e infeções respiratórias que podem ter impactos devastadores”, aponta o comunicado.

“No ano passado, aprendemos da maneira difícil que quando algumas pessoas não têm acesso aos serviços de saúde, todos podem estar em risco”, sublinhou a diretora da OIM para a Saúde Migratória, Jacqueline Weekers, citada no documento.

Weekers acrescentou que “a saúde não é um luxo”, mas sim “um direito e uma necessidade”.

Para reforçar o apoio prestado no país, a OIM lançou hoje um apelo urgente para que o financiamento possa continuar a garantir os serviços de saúde à população mais vulnerável no Sudão do Sul, onde a organização é um parceiro-chave nestas tarefas.

Nesse sentido, o chefe de missão da OIM no Sudão do Sul, Peter Van der Auweraert, reforçou que a capacidade de resposta “depende da disponibilidade de recursos”.

“Se tivermos de retirar os nossos serviços, poderemos ter uma crise humanitária ainda maior em mãos”, sublinhou Van der Auweraert, que destacou a possibilidade de se perderem “os ganhos obtidos no acesso a cuidados de saúde adequados no Sudão do Sul e no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

A OIM estima necessitar de cerca de 744.175 dólares (cerca de 619 mil euros) por mês para continuar a prestar cuidados de saúde fundamentais.

O Sudão do Sul, com maioria de população cristã, obteve a sua independência ao separar-se do Norte árabe e muçulmano em 2011. No entanto, a partir do final de 2013, o país entrou num conflito civil, provocado pela rivalidade entre o Presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar, e que resultou na morte de mais de 380 mil pessoas.

As partes formaram um Governo de unidade nacional em 2016, que caiu poucos meses após a formação devido a um reinício da violência, tendo essa sido a primeira tentativa de pacificação do jovem país africano.

Em fevereiro do ano passado, Kiir e Machar oficializaram uma reconciliação, estabelecendo um Governo conjunto no mês seguinte.

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