O uso das tecnologias digitais tem de visar a inclusão dos migrantes e facilitar a informação sobre os seus direitos e deveres, afirmou hoje o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Angel Gurría.
“A digitalização tem um grande impacto nas nossas vidas e a pandemia aumentou-o em todas as áreas da política publica” pelo que “deve ser uma oportunidade para a mobilidade global”, defendeu o responsável da OCDE na conferência anual da Rede Europeia das Migrações, que hoje decorre sob o tema “Transformação Digital nas Migrações”.
Para Angel Gurría, a crescente utilização de ferramentas digitais – que registou um grande salto com as restrições e confinamento impostos pela pandemia de covid-19 – “ajuda a competição por talentos” em todo o mundo.
“Agora é mais fácil as pessoas candidatarem-se a trabalhos em qualquer parte”, lembrou, acrescentando que “alguns trabalhadores nem têm de ir ao local para trabalhar”.
Os “nómadas digitais”, como lhes chamou, “são capazes de trabalhar em qualquer lado com benefícios para empregadores e trabalhadores, mas [a situação] aumenta os desafios da segurança”, alertou.
Por isso, “temos de assegurar que as ferramentas digitais que servem para garantir identidades são usadas para inclusão” e “para informar os migrantes sobre os seus direitos e deveres, incluindo o da vacinação”, defendeu o secretário-geral da OCDE, considerando essencial que “as tecnologias digitais aumentem os direitos dos migrantes, como por exemplo o acesso a serviços de saúde ou de segurança social”.
Sublinhando que a colaboração entre a OCDE e Organização Internacional das Migrações (OIM) beneficiou muito das tecnologias, Angel Gurría adiantou que essa parceria permitiu publicar cinco análises sobre a forma como a pandemia impactou a migração.
“Conseguimos apresentar, quase em tempo real, respostas aos maiores desafios e foi uma grande oportunidade de cruzar informações e aprendizagens”, disse, defendendo que “a tecnologia digital pode realmente levar a um progresso na mobilidade global”.
“Fico à espera de mais colaborações com a OIM e com a União Europeia” e outras organizações para “desenharmos melhores políticas de migração”, concluiu.
Organizada pelo Ministério da Administração Interna, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a conferência anual da Rede Europeia das Migrações está a ser transmitida online e visa debater a digitalização e as novas tecnologias no domínio das fronteiras, analisando a sua relevância para as questões da migração, nomeadamente através das múltiplas aplicações em matéria documental, biométrica e de cooperação policial.
A Rede Europeia das Migrações (REM) visa a recolha, análise e divulgação de informação objetiva, fiável e comparável no domínio da imigração e asilo, de apoio às políticas europeias de imigração e asilo.