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Covid-19: Macron pede um "novo acordo" para apoiar África

LUSA
27-04-2021 15:49h

O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou hoje à preparação de “um novo acordo” para apoiar os países africanos a ultrapassarem o “abrandamento muito forte” das suas economias devido à pandemia de covid-19.

Em declarações à comunicação social antes de um almoço com o homólogo da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, no Palácio do Eliseu, o chefe de Estado francês destacou “o choque que o continente [africano] tem vindo a sofrer desde 2020”.

“É um abrandamento muito forte num continente em plena expansão demográfica”, afirmou Macron, citado pela agência France-Presse (AFP).

O chefe de Estado francês defendeu a preparação de um ‘New Deal’ (novo acordo) para o financiamento em África, em vésperas de uma cimeira financeira prevista para 18 de maio, em Paris.

“Temos absolutamente de inventar para os próximos dias 17 e 18 de maio um novo acordo de financiamento de África”, continuou, referindo-se ao ‘New Deal’ implementado pelo Presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt para combater o impacto da Grande Depressão dos anos 1930.

“Caso contrário, deixaremos o continente africano a enfrentar a pobreza (…), oportunidades económicas reduzidas, deslocações forçadas, expansão do terrorismo, e isso não é algo que eu queira aceitar”, sublinhou.

A capital francesa, Paris, vai acolher, em 18 de maio, uma cimeira sobre o financiamento das economias da África Subsaariana, com a participação de uma dúzia de dirigentes africanos e funcionários europeus e de organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial. Antes disso, no dia 17, decorrerá uma conferência sobre a dívida do Sudão.

A dívida em África diminui na década de 1990, devido à iniciativa do FMI e do Banco Mundial para os países pobres altamente endividados (PPAE). No entanto, entre 2006 e 2019, o valor triplicou de 100 mil milhões de dólares (82,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual), para 309 mil milhões de dólares (255,7 mil milhões de euros, ao câmbio atual).

A situação foi agravada pela crise provocada pela pandemia de covid-19. De acordo com o FMI, os países da África Subsaariana poderão enfrentar um défice de financiamento de 290 mil milhões dólares (240 mil milhões de euros) até 2023.

Em abril de 2020, o Clube de Paris e o G20 impuseram uma moratória sobre o serviço da dívida, que adiou o pagamento de 5,7 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) em juros.

Já em outubro, e impulsionado em parte por Macron, o G20 acordou um “quadro comum” para reestruturar a dívida de alguns países, envolvendo credores privados e a China, o principal financiador em estados africanos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.122.150 mortos no mundo, resultantes de mais de 147,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela AFP.

De acordo com os dados mais recentes do África CDC, o continente regista hoje mais de 4,55 milhões de casos de covid-19 desde o início da pandemia, incluindo 120.420 mortos.

A doença é transmitida por um coronavírus (SARS-CoV-2) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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