Um dia depois de Portugal ter suspendido a administração da vacina da Universidade de Oxford/Astrazeneca a menores de 60 anos, Margarida Saraiva lamenta o “ruído perturbador” em redor das vacinas que tem vindo a ser gerado junto da opinião pública e recorda que “as vacinas foram, na nossa História, a arma que mais vidas salvou na Humanidade”.
Nas últimas semanas, surgiram diversos casos de tromboembolismos em pessoas que foram inoculadas, um pouco por toda a Europa e em Portugal também.
Para a Presidente da Sociedade Portuguesa de Imunologia é importante relembrarmos que todos os fármacos, e as vacinas não são excepção, têm efeitos adversos, mas devemos sempre “fazer uma análise de risco-benefício”, sublinha.
A investigadora do i3s – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto acredita ainda que quando tivermos cerca de 70% da população portuguesa vacinada atingiremos a tão desejada imunidade de grupo.
Nesta entrevista ao Canal S+, Margarida Saraiva que tem dedicado muito do seu percurso no combate à tuberculose, comenta as dificuldades relacionadas com a vacinação ao afirmar que “Estamos a falar de uma produção sem precedentes na nossa história”. Para a imunologista “o principal ponto de problema é o facto de querermos vacinar 7 biliões de pessoas”.
A especialista alerta ainda que, muitas vezes, não há escassez apenas da vacina em si, mas de todos os materiais relacionados com o processo de vacinação, como seja “uma seringa, um frasquinho, uma tampinha”.
Margarida Saraiva assinala também que apesar de estarmos a produzir vacinas através de um processo industrial, os mecanismos de fármaco-vigilância são muito rígidos e estas vacinas são novas, logo tudo isto obedece a timings que tornam tudo muito mais lento.
A investigadora do i3s – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto mostra-se apesar de tudo esperançada na possibilidade da descoberta de um antiviral eficaz que possa combater o SARS-COV 2.
“É possível que a certa altura que consigamos um momento Eureka! “, afirma confiante, ao mesmo tempo que recorda que “é algo complexo, porque como o vírus explora literalmente as nossas células e vive à custa da nossa maquinaria”.
Margarida Saraiva, que preside à Sociedade Portuguesa de Imunologia adianta nesta entrevista ao S+ que apesar de já existir no passado uma boa colaboração internacional, a pandemia intensificou esses laços, sobretudo, através da Federação Europeia de Imunologia.
O i3s – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto tem vindo a desenvolver vários estudos sobre a reação do sistema imunitário humano à presença de infeção pelo SARS-COV 2.