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Vacina portuguesa contra COVID-19 vai funcionar por inalação

CANAL S+ / VD
10-03-2021 17:37h

A Immunethep, empresa sediada no Biocant Park, em Cantanhede, no distrito de Coimbra, está a desenvolver uma vacina contra a COVID-19 que irá ser administrada por inalação, como adiantou ao Canal S+, Pedro Madureira, co-fundador da empresa.

O investigador da “start-up” de biotecnologia que nasceu a partir do trabalho desenvolvido pela equipa no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, garante que “Temos conhecimento do percurso necessário para o desenvolvimento de uma vacina”.

O projeto recebeu, no início da crise pandémica, cerca de 250 mil euros, através do programa Portugal 2020, mas precisa agora de mais apoio financeiro, de preferência governamental, para que consiga cumprir as devidas etapas.

Ao S+, Pedro Madureira explica que “estamos a preparar-nos para os ensaios pré-clínicos em animais”.

Caso o projeto da Immunethep venha a receber o devido apoio financeiro seria possível lançar a vacina no mercado, já em 2022.


A empresa de biotecnologia portuguesa desenvolveu uma vacina “tradicional” que pressupõe a inativação do vírus SARS-COV 2, à semelhança do que foi feito pelas vacinas chinesas.

Pedro Madureira afirma que “numa altura em que todos querem ser originais - referindo-se à tecnologia do RNA mensageiro, utilizada noutras vacinas – optamos por ser tradicionalistas”, explica.

O investigador adianta ainda que “a vacina vai ser inalada para garantir uma forte imunidade nos pulmões, onde por norma o vírus entra primeiro”. O co-fundador da Immunethep acredita ainda que com esta tecnologia, a vacina portuguesa apresentará uma forte robustez e elevada eficácia mesmo perante as variantes que possam vir a surgir.

Com os ensaios pré-clínicos a terminar em maio deste ano, a vacina portuguesa da Immunethep conta já com um parceiro canadiano que será responsável pela produção.

Se tudo decorrer conforme o previsto, e o projeto receber todo o financiamento que necessita, a vacina pode estar disponível no mercado em 2022.

A equipa da empresa de biotecnologia de Cantanhede batizou a vacina como “SEMBA”, em resultado da sigla da investigação em curso. Em preparação está já o dossier a entregar na EMA - Agência Europeia do Medicamento – que é a principal entidade responsável pela regulamentação dos fármacos no espaço europeu.

A Immunethep garante que o desenvolvimento da vacina em Portugal vai permitir inocular mais portugueses, logo no arranque dos ensaios clínicos que serão feitos em território nacional.

O objetivo da empresa de biotecnologia de Cantanhede passa ainda por instalar em Portugal uma unidade de produção, capaz de produzir cerca de 50 a 60 milhões de doses, dentro de três anos.

No futuro, os responsáveis da Immunethep pretendem exportar a SEMBA - vacina portuguesa - para os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP).

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