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Pediatras exigem reabertura urgente das escolas

CANAL S+ / VD
05-03-2021 16:39h

“É emergente que se pense nas crianças” afirma Francisco Abecasis, pediatra da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria, para quem é imperativo que, o mais rapidamente possível, o Governo tome a decisão de reabrir as escolas, sobretudo, para o ensino pré-escolar e para os 1º e 2º ciclos do ensino básico.

Entrevistado pelo Canal S+, o médico especialista lembra que “é a altura de tomar decisões”, acrescentando que “eu e alguns colegas meus achávamos que as escolas não deviam ter fechado, mas já passaram 5 semanas", recorda.

Para Francisco Abecasis “os dirigentes políticos querem adiar um pouco, mas é emergente que se pense nas crianças”, de modo a evitar que a aprendizagem e a sociabilização na escola fiquem ainda mais comprometidas com este segundo confinamento.

Esta semana, a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) divulgou uma posição conjunta com a direção do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos (OM) e a Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente. Em comunicado, as entidades chamam a atenção do Governo para as consequências do fecho prolongado das escolas no desenvolvimento das crianças. Na missiva, os pediatras defendem que “a aproximação ao normal poderá ter de ser faseada, com avaliação contínua e adequada, mas tem de ser rápida e programada de forma consistente”.

Ao Canal S+, Francisco Abecasis revela que “estamos a roubar aos nossos adolescentes anos preciosos”.

O pediatra Francisco Abecasis que, é um dos signatários da posição conjunta entregue ao Ministério da Saúde (MS), integra a direção do colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos (OM) e não tem dúvidas ao afirmar que “estamos a prejudicar gravemente as nossas crianças para proteger os adultos e isso diz muito de uma sociedade”, sublinha.

Na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde Francisco Abecasis trabalha chegam, todos os dias, casos de intoxicação voluntária e involuntária com comprimidos. “Não passa uma semana que não tenhamos uma criança que tome comprimidos, voluntária ou involuntariamente”, denuncia o médico, para quem esta é uma “fatura muito grande e pesada (…) para ser apresentada ao elo mais fraco que são as crianças”.

Nesta entrevista ao Canal S+, o coordenador de transporte inter-hospitalar pediátrico do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) manifesta sérias dúvidas sobre os resultados de uma testagem massiva na população escolar.

“Não quero ir aqui contra o que se está a preparar, mas tenho sérias dúvidas que a testagem em massa seja a resposta. Tivemos o exemplo da Eslováquia que testou a população, em dois dias, e não serviu para nada. Vamos fazer zaragatoas nasais a todas as crianças todas as semanas?”, interroga-se.

Perante a hipótese avançada pela Ministra da Saúde, Marta Temido, numa entrevista à SIC que os professores podem vir a ser vacinados no decurso dos grupos prioritários, Francisco Abecasis concorda, dado que ““se os professores são o garante da escola, devem ter alguma prioridade na vacinação “, deixando o pediatra a advertência “que não se pode é passar à frente de quem morre com a doença.”

Na posição conjunta da Sociedade Portuguesa de Pediatria, do colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos e da Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente, o confinamento, o ensino à distância e a consequente fadiga pandémica produzem alterações no comportamento das crianças, geram desigualdades sociais, aumentam riscos de abandono escolar, o que num futuro próximo vai ter consequências diretas na esperança de vida e na evolução destes jovens dentro da sociedade portuguesa.

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