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Covid-19: Politécnico de Leiria lança livro multiformato sobre a pandemia

LUSA
15-02-2021 17:16h

O Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) do Politécnico de Leiria vai lançar um livro multiformato para crianças, que conta a história da covid-19 e os cuidados a ter.

O “Guia extraordinário sobre o Coronavírus! Para Crianças Curiosas” é uma adaptação da versão coordenada pelo grupo italiano PLEIADI SRL, que cedeu os direitos de autor ao CRID para que o livro possa estar acessível a todas as crianças de diferentes países.

O livro aborda o aparecimento e evolução da pandemia de covid-19, as suas consequências para a saúde e os cuidados que a criança deve ter.

Tudo isto, “de uma forma brincalhona”, disse à agência Lusa a coordenadora do CRID, Célia Sousa.

“Usámos as ilustrações originais do livro e na página do lado colocámos o texto em português, os pictogramas e o braille”, acrescentou.

O livro reúne num único exemplar texto aumentado para crianças com baixa visão, braille, pictogramas para crianças com incapacidade intelectual ou limitações de outra natureza, e inclui um código Quick Response (QR) que remete para um ‘site’ onde estão disponíveis as versões audiolivro, para crianças cegas, e videolivro em Língua Gestual Portuguesa, para crianças surdas.

O desafio foi lançado pela Acesso Cultura, que questionou o CRID se queria transformar aquele livro acessível a todas as crianças. Desafio aceite, o CRID começou a trabalhar com a sua equipa, de forma gratuita e em casa, ainda durante o primeiro confinamento.

“O grupo PLEIADI SRL, que disponibilizou o livro em várias línguas de países da comunidade europeia - sem ter uma versão física - também concordou com o nosso projeto, porque seria uma forma de ser replicado por outros países”, revelou Célia Sousa.

Segundo a responsável, o livro vai ficar disponível gratuitamente em formato ‘e-book’ na página do CRID para quem quiser descarregar.

“Se alguém precisar do livro impresso em braille é só entrar em contacto connosco para imprimirmos. Já temos pedidos de Cabo Verde e do Brasil e mais recentemente do México".

O CRID vai fazer chegar uma versão impressa do livro a todos os agrupamentos de escolas da área de influência do Politécnico de Leiria, aos centros de recursos TIC para a educação especial da zona Centro e às instituições da cidade de Leiria ligadas à deficiência.

A apresentação oficial do livro decorre na quinta-feira, dia 18, data em que se assinala o Dia Internacional da Síndrome de Asperger.

“Apesar de estar dentro das perturbações do espetro do autismo, esta é uma população que tem alguma dificuldade em entender mensagens e em comunicar. É também uma maneira de homenagearmos os pais destas crianças e esta população”, justificou.

Célia Sousa sublinhou ainda que uma das coisas com que se deparou no primeiro confinamento foi que a população ligada à deficiência ficou “completamente abandonada”.

“Quase como uma forma de revolta lancei o projeto 'Vamos comunicar sem barreiras em tempo de covid'. Todos os dias disponibilizávamos pequenas mensagens, que eram uma ajuda para os pais e para esta população. Não posso esquecer um dia que publiquei um conjunto de imagens, com legenda, a explicar como se levavam as mãos, e recebi a mensagem de uma pessoa cega a dizer: ‘Finalmente alguém me explicou como lavo as mãos’”, relatou.

A responsável acrescentou que houve cuidado em ter intérpretes de língua gestual, mas as pessoas cegas e intelectualmente diminuídas “foram esquecidas”.

O livro foi desenvolvido pelo CRID, em parceria com o Museo dei Bambini Milano (MUBA), MUSEO – Children's Museum Verona, Explora il Museo dei bambini di Roma, La Città dei Bambini e dei Ragazzi (Itália).

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.400.543 mortos no mundo, resultantes de mais de 108,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 15.411 pessoas dos 787.059 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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