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Covid-19: Comissária da Saúde adverte que “ainda não é o momento de declarar vitória”

LUSA
21-12-2020 18:29h

A comissária europeia da Saúde saudou hoje a aprovação da primeira vacina contra a covid-19 na União Europeia, mas advertiu que “ainda não é o momento de declarar vitória” sobre a pandemia.

Numa entrevista à agência Lusa e outros órgãos de comunicação social europeus, no dia em que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) aprovou a vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech e a Comissão autorizou já a sua comercialização, a comissária Stella Kyriakides sublinhou que “as vacinas não salvam vidas, o que salva vidas é a vacinação”, pelo que agora segue-se o "grande desafio" que representa “uma campanha de vacinação em massa sem precedentes”.

Alertando repetidamente que só se pode declarar vitória sobre a pandemia da covid-19 quando esta for eliminada, a comissária não deixou, no entanto, de sublinhar a importância do dia de hoje, com a aprovação da primeira vacina a ser administrada em toda a UE.

“Estou muito feliz por terminarmos este ano tão difícil numa nota mais positiva. Agora há luz ao fundo do túnel. Os europeus hoje têm algo que não tinham há seis meses: esperança”, declarou.

Lembrando que a Comissão prometeu que iria fornecer a vacina a todos os Estados-membros ao mesmo tempo e nas mesmas condições – seguindo uma chave de repartição baseada na população de cada país -, Stella Kyriakides vincou que Bruxelas vai “cumprir a promessa”, independentemente de alguns países já terem anunciado a intenção de iniciar a campanha de vacinação alguns dias mais tarde.

A comissária europeia explicou que o primeiro fornecimento da vacina deverá ter lugar no próximo sábado, 26 de dezembro, prosseguirá ao longo dos últimos dias do ano, num regime semanal no início do próximo ano, e será intensificado no segundo trimestre de 2021, sendo previsível que os 200 milhões de doses adquiridos tenham acabado de ser distribuídos em setembro próximo.

Entretanto, outras vacinas contra a covid-19 que já fazem parte do ‘portfolio’ da Comissão deverão receber aprovação, a próxima das quais a vacina da Moderna, que será avaliada pela EMA em 06 de janeiro.

A comissária rejeitou liminarmente acusações de Bruxelas ter favorecido este ou aquele laboratório, razão pela qual tem atualmente uma carteira com mais seis potenciais vacinas, que, no seu conjunto, darão potencialmente acesso a dois biliões de doses.

“O único critério sempre foi compor o melhor e mais diverso ‘portfolio’ possível, com as vacinas mais promissoras, sabendo que algumas podem acabar por não receber autorização, pelo que quisemos cobrir todas as eventualidades. Este sempre foi o nosso princípio orientador. Multiplicámos as possibilidades de sucesso e não apostámos em nenhum cavalo”, disse.

Questionada sobre a nova variante da covid-19 detetada no Reino Unido, a comissária reconheceu que é preciso monitorizar de muito perto a situação, mas asseverou que é isso o que já tem vindo a ser feito, com a realização, hoje mesmo, de uma reunião que juntou epidemiologistas de toda a União, um dia após o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) já ter publicado um primeiro relatório sobre esta nova estirpe.

Agora, indicou, é então altura de começar a vacinação, sem baixar as guardas, sobretudo nesta época festiva, pois, “na situação atual não é tempo de aliviar medidas”.

Ao longo dos próximos meses, a monitorização pós-autorização da vacina, "também muito importante", prosseguirá de forma intensa, assim como o acompanhamento da evolução epidemiológica, tendo a comissária europeia da Saúde apontado que vai “trabalhar de forma estreita com o ECDC, com a EMA, com os Estados-membros e, claro, com a presidência portuguesa da União Europeia”, no primeiro semestre de 2021.

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