À semelhança de vários países europeus que já adotaram os semáforos de risco epidemiológico como forma de travar o avanço da pandemia da COVID-19, o especialista em Saúde Internacional, Tiago Correia, garante em entrevista ao Canal S+ que “não há qualquer evidência que um semáforo de risco epidemiológico crie formas de segregação social”.
O professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa respondeu assim à ministra da Saúde que esta semana em entrevista ao “Jornal das 8” da TVI afirmou que os “semáforos epidemiológicos contribuem para uma lógica de estigmatização social que deve ser evitada a todo o custo”, argumentou Marta Temido.
Para o professor Tiago Correia, o “descrédito” dos semáforos de risco epidemiológico em Portugal só pode esconder uma outra realidade. O académico e especialista em Saúde Internacional desconfia que o país pode não dispor dos dados necessários a nível local para implementar os semáforos. Uma realidade que a confirmar-se explicaria as opções que têm vindo a ser tomadas pelo executivo, dando preferência a medidas mais genéricas aplicadas ao país por inteiro e não a regiões onde o vírus se tem vindo a propagar de forma mais evidente.
Em relação ao uso obrigatório da aplicação Stay Away Covid, Tiago Correia recorda que as aplicações introduzidas em outros países europeus também não sortiram o efeito desejado e muitas populações recusaram o seu uso.
O maior receio do professor Tiago Correia prende-se agora com a “pouca recetividade da população a novas medidas restritivas”, numa altura em que dois terços dos novos contágios estão a ocorrer em contexto familiar.
Já esta tarde, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu, em Aljezur, o país voltar ao recolher obrigatório “Para evitar medidas muito mais pesadas, o melhor é que as pessoas compreendam que as medidas imediatas e mais pequenas devem ser cumpridas. Nenhum poder político pode, perante um agravamento brutal da situação, ficar parado", concluiu o Presidente da República.