Em pouco mais de quatro meses, a pandemia da COVID-19 atingiu de forma dramática o Turismo em Portugal. Se em 2019 este sector registou números absolutamente recordes, nunca antes alcançados, 2020 vai seguramente contrastar com uma redução de receita muito considerável e o encerramento de muitas pequenas e médias empresas.
“Se há dois meses achávamos que ainda podíamos recuperar no verão, neste momento temos “40% das empresas de restauração e 18% da hotelaria a caminho da insolvência”, garantiu ao Canal S+ Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP (Associação Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal).
Os inquéritos aos associados promovidos regularmente pela AHRESP têm permitido, quase em tempo real, medir o pulso ao sector da restauração e da hotelaria que apesar das medidas de lay-off simplificado implementadas pelo governo continua a registar todos os meses quebras de receita “muito acentuadas”, garante a secretária-geral da AHRESP para quem são precisas, com urgência, “medidas mais robustas para este sector”.
Ana Jacinto tem mantido conversações desde o primeiro momento com o governo a este respeito, alertando o executivo para as dificuldades dos empresários da restauração e da hotelaria.
“O cenário é muito preocupante”, afirma e a solução devia passar no seu entender por “financiamentos não reembolsáveis ou dinheiro a fundo perdido para este sector da economia”. Uma luta que a AHRESP vai continuar a travar, mostrando ao governo que é possível manter a economia sem colocar em risco a saúde dos empresários e dos consumidores. A este propósito, Ana Jacinto lembra os diversos guias de boas práticas elaborados pela AHRESP para diversos sectores de actividade económica, que vão desde os restaurantes, hotéis até aos parques de campismo. Tudo isto porque o “turismo vive de percepções”, recorda a secretária-geral da AHRESP e esta missão está longe de estar terminada.
A decisão do Reino Unido em deixar Portugal de fora da lista de países seguros para os seus cidadãos viajarem desiludiu a responsável da AHRESP. “É lamentável. Tenho esperança que a decisão possa ser alterada”, afirma Ana Jacinto para quem os números de infetados em Inglaterra são muito superiores e é um tema que “é melhor nem falarmos”, conclui.
A pandemia dacovid-19 já provocou mais de 544 mil mortos e infetou mais de 11,85 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.