No parecer enviado ao Governo Regional sobre a proposta de roteiro dos Açores “Critérios para uma Saída Segura da Pandemia Covid-19” - a que a agência Lusa teve acesso -, a direção da CCIPD, liderada pelo economista Mário Fortuna, afirma que “compreende e tem suportado as opções da fase de contenção por razões de saúde pública, num contexto de incerteza”.

Para aquele organismo, se a “incerteza do passado aconselhava longos períodos de confinamento”, a aprendizagem "entretanto conseguida, nos Açores e pelo mundo fora, permite decisões mais céleres e com tendência a serem cada vez mais encurtadas”.

“Os 30 dias estabelecidos para o período de reavaliação de medidas parece-nos, neste sentido, exagerado. Permita-nos sugerir uma reavaliação semanal das medidas, ilha a ilha, concelho a concelho, permitindo uma maior flexibilidade na atuação das entidades e não inviabiliza os períodos de 15 ou de 30 dias. O inverso já não será verdade”, declara a CCIA.

A CCIA recorda o impacto que a pandemia está a ter na economia e aponta que “são já vários os exemplos de países que estão a proceder à reabertura da atividade económica de forma faseada, por atividades, com os cuidados necessários, com segurança, em processos que nunca serão, reconhecidamente, totalmente isentos de riscos”.

No caso específico nacional, os “anúncios sobre esta matéria apontam no mesmo sentido”, sendo este o “caminho que a região terá que trilhar”, salvaguardando a instituição que, “quanto maior o tempo de confinamento, maior será a destruição de valor das empresas e de postos de trabalho e, consequentemente, mais difícil e mais longo será o caminho para a recuperação económica e social”.

A CCIA reitera o “imperativo da saúde pública e também a necessidade de se iniciar o processo gradual de reinício da atividade económica, com medidas acrescidas e eventualmente obrigatórias de proteção individual dos cidadãos, seja em ambiente social seja em ambiente de trabalho”.

Desde o início do surto foram confirmados 138 casos da covid-19 nos Açores, 90 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 37 recuperações (23 em São Miguel, oito na Terceira, cinco em São Jorge e uma no Pico) e 11 mortes (em São Miguel).

A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (100), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 212 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Em Portugal, morreram 948 pessoas das 24.322 confirmadas como infetadas, e há 1.389 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.