“Temos um país único que não pode abrir a dois tempos. É preciso abrir o país a uma só velocidade. Eventualmente abrir por atividade, por setor, mas não por regiões. Não poderemos aceitar essa discriminação, se acontecer”, afirmou Nuno Botelho em declarações à Lusa, defendendo que o Norte deve ter tratamento idêntico ao resto do país.

O responsável da ACP refere-se às decisões que o Conselho de Ministros vai tomar na quinta-feira quanto à reabertura dos vários setores da economia a 04 de maio, ao facto de “alguns técnicos ligados às autoridades de saúde referirem diferentes medidas de desconfinamento por região” e de o Norte estar entre as regiões que tem um maior número de infetados com o novo coronavírus.

Para Nuno Botelho, seria “perigoso” e discriminatório ter o Norte a “abrir de forma mais lenta”.

“Apelo ao bom senso, para não corrermos riscos”, frisou.

“Quando ouvimos técnicos a referir diferenças na abertura [do confinamento] por regiões, é fácil perceber que podem estar a deixar a região Norte para trás, por ter um maior número de infetados”, observou.

Para o presidente da ACP, a prevalência da infeção a Norte está ligada a “uma maior atividade económica” e a uma “forte industrialização”, que “não parou” com o estado de emergência.

Nuno Botelho elogia a atuação do governo e dos portugueses, que responderam ao confinamento “de forma exemplar” e fizeram “um esforço muito grande para chegar até aqui”, apelando à “sensatez” neste “momento mais tenso” de retomar alguma normalidade ainda sem vacina para a covid-19.

Portugal vai terminar no sábado, 02 de maio, o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo deverá anunciar na quinta-feira as medidas para continuar a combater a pandemia.

Devido ao fim de semana prolongado, o Governo decretou a proibição de deslocações entre concelhos de 01 a 03 de maio.

Portugal contabiliza 948 mortos associados à covid-19 em 24.322 casos confirmados de infeção, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado na terça-feira.

Relativamente ao dia anterior, registaram-se mais 20 mortos (+2,2%) e mais 295 casos de infeção (+1,2%).

Das pessoas infetadas, 936 estão hospitalizadas, das quais 172 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1.357 para 1.389.