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Covid-19: Diretor de laboratório na Guiné-Bissau avisa para falta de materiais para análise

LUSA
10-04-2020 18:19h

O diretor do laboratório nacional da Saúde Pública da Guiné-Bissau, Serifo Monteiro, avisou hoje para a iminência da rotura de "materiais essenciais" para as análises clínicas de pessoas suspeitas de infeção por novo coronavírus.

Serifo Monteiro tem a consciência de que as autoridades estão a fazer esforços para adquirir materiais, mas avisa que brevemente vão começar a faltar 'kits' de extração e de coleta das amostras.

"Sem esses materiais será difícil continuarmos com as análises de laboratório", avisou Serifo Monteiro.

Dos consumíveis utilizados no laboratório, Serifo Monteiro indicou que recebeu 20 mil testes, doados ao país pelo bilionário e filantropo chinês Jack Ma e que a única máquina de testes de PCR (exame para detetar o novo coronavírus) existente é a que foi fornecida à Guiné-Bissau pela cooperação portuguesa, em 2014, por altura da epidemia do ébola em África.

O diretor do laboratório público guineense enfatizou que fora de Bissau nenhum hospital ou centro de saúde tem capacidade, atualmente, para proceder às análises para detetar a covid-19, por falta de aparelhos e formação de técnicos.

Serifo Monteiro exortou os técnicos em Bissau que procedem à recolha das amostras em pessoas suspeitas, para obedecerem ao protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e os critérios definidos pelas autoridades sanitárias, para desta forma evitar colheitas desnecessárias, disse.

"No outro dia recebemos aqui no laboratório 86 amostras para análise, mas apenas três deram positivo. Quantos reagentes não foram gastos nessa operação de forma desnecessária", observou Monteiro.

O responsável indicou que o ideal seria testar toda gente, mas alertou sobre o facto de o país não possuir muito material, como, aliás, disse, falta em todo o mundo.

Serifo Monteiro indicou que os técnicos do laboratório estão a trabalhar das 07:00 às 24:00 e em cada quatro a cinco horas conseguem concluir uma análise que depois segue para o Instituto Nacional da Saúde Pública e de lá para o Ministério da Saúde que informa o paciente e depois divulga.

A Guiné-Bissau registou até hoje 38 infetados, 58% são do sexo masculino e 42% do sexo feminino, três dos quais já foram dados como recuperados.

No âmbito do combate ao novo coronavírus, as autoridades guineenses declararam o estado de emergência, bem como o encerramento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas na Guiné-Bissau, medidas que foram acompanhadas de uma série de outras restrições à semelhança do que está a acontecer em vários países do mundo.

Uma das restrições só permite que as pessoas circulem entre 07:00 e as 11:00 locais (menos uma hora que em Lisboa).

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África é de 630 num universo de mais de 12.219 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.

Segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC África), nas últimas 24 horas, o número de mortes registadas subiu de 572 para 630, enquanto as infeções subiram de 11.400 para 12.219.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 94 mil.

Dos casos de infeção, mais de 316 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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