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Covid-19: Navios de cruzeiro em águas dos EUA terão de tratar infetados a bordo

LUSA
01-04-2020 20:19h

A Guarda Costeira dos Estados Unidos ordenou todos os navios que se encontram em águas norte-americanas para se prepararem para tratar a bordo pessoas contagiadas pela covid-19, porque poderão estar impedidos de desembarcar enquanto durar a pandemia.

De acordo com um boletim de segurança assinado, em 29 de março, pelo responsável da Guarda Costeira norte-americana nos estados da Florida, Geórgia, Carolina do Sul e Porto Rico, o contra-almirante E. C. Jones, citado pela Associated Press, as embarcações também estão obrigadas a fazer uma atualização diária da situação a bordo às autoridades dos Estados Unidos da América (EUA).

Este conjunto de regras aplica-se a todos os navios de passageiros que transportam mais de 50 pessoas. Dezenas de embarcações estão ancoradas nos portos de Miami e Everglades (Florida), ou ao largo da costa dos EUA, devido à pandemia da doença provocada pelo SARS-CoV-2.

A maioria dos navios contêm apenas a tripulação a bordo, mas a Carnival Corporation – detentora de nove rotas de cruzeiros com um total de 105 embarcações – comunicou à Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos, na terça-feira, que ainda tem três navios no mar, com um total de mais de 6.000 passageiros a bordo.

Estes três navios dirigem-se para as cidades de Civitavecchia, na província de Roma (Itália), Southampton (Inglaterra), e para Fort Lauderdale, na Florida (EUA).

Entretanto, as autoridades locais, estatais e federais estão a negociar a eventual possibilidade de dois navios desta empresa, o Zaandam e o Rotterdam, atracarem no porto de Everglades esta semana.

A bordo do navio de cruzeiros Zaandam já morreram quatro pessoas, das quais duas alegadamente infetadas pelo SARS-CoV-2, e os testes a outras 19 pessoas confirmaram o contágio pela covid-19. Pelo menos 190 pessoas a bordo apresentaram sintomas coincidentes com esta doença.

Contudo, o governador da Florida, o republicano Ron DeSantis, rejeitou, na terça-feira, esta ideia, porque considera que o sistema de saúde daquele estado está no limite e não vai aguentar com os casos existentes a bordo da embarcação.

“Deixar as pessoas num local onde estamos a ter um elevado número de casos não me parece que faça muito sentido”, afirmou o governante.

Por seu turno, o Presidente dos EUA, Donald Trump, disse, no mesmo dia, que ia tentar convencer o governador da Florida a aceitar o desembarque do navio: “Há pessoas a morrer no navio. Vou fazer o que é correto. Não apenas para nós, mas para a humanidade.”

Normalmente, a Guarda Costeira dos EUA retira os passageiros que adoecem a bordo dos navios de cruzeiros, quando as equipas médicas destas embarcações não conseguem tratar as pessoas.

Sob estas novas regras, no entanto, os passageiros doentes permanecerão a bordo do navio até que seja possível voltar a desembarcar.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 870 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 44 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, e 8.251 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 726 estão internados, 230 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

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