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Paludismo regride na Guiné-Bissau, mas é preciso vigilância – Ministério da Saúde

LUSA
24-04-2024 16:29h

O paludismo está a regredir na Guiné-Bissau, mas o Ministério da Saúde exorta a população a ser vigilante perante uma doença endémica no país, disse à Lusa Januário Biaguê, Coordenador do Programa Nacional de combate à doença.

Nos últimos dias, o Ministério da Saúde Pública guineense tem reiterado, através de mensagens de texto por telemóvel, apelos à população sobre as medidas para evitar a propagação do paludismo (ou malária) na comunidade.

A iniciativa surge no âmbito do Dia Mundial da Luta contra a Malária, que é assinalado a 25 de abril.

“O paludismo é um problema de saúde pública na Guiné-Bissau por ser [a doença] que mais afeta a população guineense”, observou Januário Biaguê.

Citando o último relatório do Ministério da Saúde, do período de 2020 a 2023, o Coordenador Nacional do Programa do combate ao paludismo aponta para uma diminuição da taxa da prevalência da doença na Guiné-Bissau de seis para três por cento.

Januário Biaguê referiu dados do Instituto Nacional da Saúde Pública (INASA) que indicam que, em 2023, foram notificados, na Guiné-Bissau, pouco mais de 112 mil casos de paludismo e registados 310 óbitos ligados à doença.

“Tudo isso mostra que o paludismo está a regredir no nosso país, mas isso não quer dizer que não devemos continuar vigilantes. O paludismo afeta todas as camadas da população, mas afeta mais as crianças até aos cinco anos e as grávidas”, precisou Biaguê.

As regiões de Bafatá e Gabú, no leste da Guiné-Bissau, são as zonas de maior prevalência do paludismo, referiu o responsável.

O Coordenador Nacional do Programa de Combate ao Paludismo acredita que em Bafatá, segunda cidade do país, os mosquitos transmissores da doença desenvolveram “resistência aos inseticidas” devido ao facto de, no passado, um projeto de produção do algodão ter utilizado muito aqueles produtos nas plantações.

Januário Biaguê referiu que a diminuição da taxa de prevalência do paludismo na Guiné-Bissau deve-se ao “reforço da capacidade técnica” a nível do Ministério da Saúde, mas, sobretudo, à “contribuição de parceiros” na implementação da estratégia nacional de combate à doença.

Biaguê destacou a ação do Fundo Mundial, cujos recursos são canalizados para o país através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e com os quais é implementada a estratégia nacional de combate delineada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O grande desafio no âmbito da estratégia é fazer com que todos os guineenses durmam sempre debaixo de mosquiteiros. Normalmente, os guineenses só utilizam os mosquiteiros durante a época das chuvas, que vai de junho a outubro.

 Januário Biaguê indicou que faz parte da estratégia de combate à doença “executar bem” a campanha QPS (Quimio prevenção do Paludismo Sazonal), regularmente realizada nas regiões de Bafatá, Gabu, Bolama (nas ilhas Bijagós) e em Tombali, no sul.

 A estratégia prevê também isentar de cobranças as consultas e exames ao paludismo nos hospitais e centros de saúde públicos da Guiné-Bissau.

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