SAÚDE QUE SE VÊ

Profissionais de saúde moçambicanos retomam greve sem nova suspensão

LUSA
24-04-2024 15:01h

Os profissionais de saúde moçambicanos vão retomar na segunda-feira a greve para reivindicar melhores condições de trabalho no setor, referindo que não vão ceder a novas propostas do Governo para a suspender.

“Desta vez vamos dialogar em greve. As promessas não estão a ser cumpridas”, disse à Lusa o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave, fazendo menção a possíveis propostas do executivo para a suspensão da paralisação.

A greve dos funcionários e agentes da saúde vai ser realizada por 30 dias prorrogáveis, referiu a APSUSM em comunicado emitido hoje.

O regresso à greve tinha sido marcado para 28 de março, mas esta foi suspensa um dia antes da realização na sequência de conversações com o Governo moçambicano e que culminaram com o cumprimento de alguns pontos da reivindicação, entre os quais o enquadramento dos profissionais de saúde, visitas de monitorização às unidades hospitalares e a resolução das irregularidades no pagamento de subsídios, referiu na altura a APSUSM.

Passados quase 30 dias depois da suspensão da greve, os profissionais de saúde moçambicanos voltaram a queixar-se do incumprimento governamental e da não realização das visitas de monitorização do cumprimento dos acordos entre as partes, referindo que os hospitais “estão piores que no início do diálogo”.

“Aquando do anúncio da greve dissemos em viva voz que as nossas unidades sanitárias se ressentem gravemente da falta de material médico cirúrgico e hospitalar e medicamentos. O Governo assumiu o compromisso de inverter esta situação, mas infelizmente as nossas unidades sanitárias estão piores que no início do nosso diálogo”, lê-se no documento da associação.

Em causa estava uma negociação que esteve em curso em 2023 entre o Governo moçambicano e a APSUSM, uma associação que abrange cerca de 65.000 profissionais e que esteve em greve entre agosto e novembro de 2023, por melhores condições de trabalho no setor público.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou em julho e agosto de 2023 uma crise provocada por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM) e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), ambos interrompidos para dar espaço ao diálogo com o Governo.

Entre outros aspetos, no seu caderno reivindicativo, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da “falta de alimentação” nas unidades de saúde, bem como equipar ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou de equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai “obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.

MAIS NOTÍCIAS